Estamos acostumados hoje a pensar apenas no risco de doenças a longo prazo ao comer muita gordura ou carboidrato, mas a verdade é que alguns alimentos trazem perigos ainda maiores e mais imediatos. Certos ingredientes, se não forem preparados adequadamente, podem causar mal-estar e ser até letais.
O que comemos pode ser mais perigoso do que imaginamos, afinal, até uma carne ou legume estragado pode causar problemas graves. Mas alguns ingredientes precisam de cuidado redobrado. Mas calma que não é para ficar com medo do que está no prato! Tudo é questão de como você cozinha. Conheça no TudoGostoso8 alimentos perigosos que mais exigem atenção na hora do preparo.
O baiacu é um dos peixes mais venenosos do mundo, mas ainda é uma iguaria culinária
Mandioca
A mandioca é um ingrediente bem brasileiro, uma herança da cultura indígena muito usada para substituir a batata e servir como acompanhamento de pratos. Mas ela é mais perigosa do que parece. A raiz e as folhas possuem linamarina um composto que libera cianeto e que, por sua vez, vira cianeto de hidrogênio em contato com água como na saliva. O cianeto de hidrogênio é um veneno altamente tóxico e até uma quantidade pequena pode levar à morte. Por causa disso, não podemos comer mandioca crua assim que é colhida.
O tipo de processo para remover o veneno e tornar o alimento seguro depende da classificação dele. A mandioca mansa, conhecida ainda como aipim ou macaxeira, tem uma quantidade pequena de linamarina e apenas cozinhar, assar ou fritar é o bastante para poder consumir com tranquilidade. É o tipo mais comum no mercado.
A mandioca brava, por outro lado, tem mais veneno e é bem mais amarga. Ela só pode ser consumida quando bem processada. O método mais usado requer raspar, lavar e espremer a mandioca para separar o líquido, que concentra o veneno, e o amido. O amido depois de seco vira a adorada tapioca. Mas o líquido não é jogado fora. Ele é cozido e fermentado por três dias para eliminar o veneno e produzir o molho tucupi. É mais comum em zonas rurais.
A noz-moscada é um condimento que incrementa receitas, mas quando usada em parcimônia
Noz-moscada
A noz-moscada tem benefícios como efeito digestivo e anti-inflamatório e é um tempero que complementa receitas como pão de mel e molho branco. Mas essa noz deve ser usada em parcimônia apenas como condimento por causa da miristicina e do safrol. Esses compostos causam alucinações e mal-estar, com sintomas como náuseas e aceleração dos batimentos cardíacos.
Sozinha, a noz-moscada não traz risco à vida, mas os efeitos são bastante desagradáveis e as consequências podem ser piores quando associada com medicamentos. Para chegar nesse ponto, é necessário consumir uma noz-moscada inteira ou 10 g do pó, o que é uma quantidade grande para esse condimento. Então não se preocupe, você pode continuar usando algumas pitadas ou raspinhas da noz-moscada nas suas receitas tranquilamente.
Baiacu
O baiacu, ou fugu, é famoso por ser um dos peixes mais venenosos do mundo por causa da tetrodotoxina que está presente em vários órgãos do animal. Essa toxina paralisa os músculos e leva à asfixia, sendo mais letal do que o cianeto. Até hoje não existe um antídoto conhecido para esse veneno.
Apesar do perigo, o baiacu é uma comida exótica que várias pessoas se interessam em provar pela curiosidade. E não é qualquer um que consegue preparar o peixe. Os chefs profissionais que querem se especializar no baiacu treinam por anos para serem capazes de remover a bolsa de veneno e neutralizar a toxina.
Ruibarbo
O ruibarbo é benéfico para a saúde e rico em vitaminas A, K e mais nutrientes. O talo pode ser usado em receitas deliciosas como na salada e na torta de ruibarbo. Mas a folha do ruibarbo esconde um perigo: o ácido oxálico. Toda a planta possui esse composto, mas no talo a quantidade é inofensiva, enquanto nas folhas a quantidade é maior.
Consumir muito ácido oxálico causa sintomas como náuseas, problemas renais, dificuldade de respirar, queimação na garganta e mais. Em quantidades extremamente elevadas, pode levar à morte. Mas para isso seria preciso comer mais de 10 quilos da folha de ruibarbo. Dessa maneira, só deixar de lado as folhas e usar apenas o ruibarbo é o bastante para evitar qualquer consequência.
O talo do ruibarbo é uma delícia em receitas, mas as folhas não fazem bem para a saúde
Feijão vermelho
Assim como outras leguminosas, o feijão vermelho é nutritivo e repleto de proteínas, minerais e fibras. Só que os benefícios só compensam se comer bem cozido, já que cru ele tem a lectina fitohemaglutina. O corpo humano não consegue digerir a lectina e o resultado são sintomas como dor de barriga, diarreia e vômito.
Para evitar esses efeitos colaterais, é importante cozinhar o feijão vermelho. O ideal é deixar de molho por pelo menos 6 horas e cozinhar por 30 a 60 minutos até amaciar. Assim você ameniza a lectina e consegue fazer receitas de feijão vermelho sem passar mal.
Grãos de soja
O caso do grão de soja é parecido com o do feijão vermelho. As receitas com soja são usadas por pessoas que buscam comidas veganas e pratos saudáveis que vão do leite de soja ao hambúrguer de soja. Mas o grão cru possui uma toxina natural que atrapalha a digestão.
A solução para não ter um mal-estar enquanto come é cozinhar os grãos de soja corretamente para amolecer e facilitar a digestão. O indicado é deixar de molho por cerca de 12 horas, enxaguar e cozinhar por pelo menos 2 horas.
Semente de damasco
Nós não devemos evitar as sementes só porque são difíceis de comer, mas porque podem ser potencialmente prejudiciais para a saúde. O damasco é um bom exemplo. A semente dessa fruta tem a amigdalina, uma toxina vegetal que, ao se conectar com as nossas enzimas, se transforma em cianeto.
O cianeto é um veneno para humanos e causa febre, dores e náuseas até em concentrações baixas. Em situações mais extremas, o cianeto pode ser fatal. Por isso, sempre retire a semente de damasco antes de comer a fruta ou usá-la em receitas como a torta de damasco e o risoto de queijo brie com damasco.
O queijo casu marzu é tão perigoso que foi banido da União Europeia
Casu Marzu
O casu marzu é um queijo italiano só para quem tem estômago forte. Típico da região da Sardenha, o casu marzu é um pecorino, ou seja, feito com leite de ovelha, mas com um diferencial: ele é maturado descoberto, para que moscas pousem e deixem as suas larvas. Isso mesmo, casu marzu é um queijo feito com larvas vivas!
As larvas amolecem o queijo por dentro por um processo de decomposição que nomeia o queijo. Na Itália, ele também é conhecido como “formaggio marcio”, que significa “queijopodre”. O gosto é bastante forte e algumas pessoas apreciam o sabor, mas ele é perigoso por um bom motivo. As larvas vivas podem danificar o estômago e o intestino. Por causa dos problemas sanitários, o casu marzu é banido na União Europeia, mas ainda é produzido em pequenas cidades e vilarejos italianos.
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