Perder peso pode ser um desafio, mas alguns fatores contribuem para tornar essa jornada ainda mais complexa. A disseminação de dietas, truques e dicas "milagrosas" sem embasamento científico ou sem uma orientação especializada com um profissional de área de saúde e nutrição pode atrapalhar o alcance de resultados bem-sucedidos.
Para evitar que as pessoas que estão tentando emagrecer caiam em armadilhas, a médica Nisha Patel, especialista em obesidade, destaca cinco mitos sobre perda de peso que precisam ser desmentidos.
A especialista enfatiza que perder peso de forma saudável é um desafio significativo, exigindo disciplina contínua em hábitos como nutrição adequada, sono de qualidade, treino de força e exercícios aeróbicos, além de cuidados com a saúde mental.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam uma perda de peso gradual de até 1 Kg por semana para manter resultados sustentáveis, o que pode levar meses ou anos para alcançar. Veja cinco mitos relacionados a soluções rápidas para perda de peso.
Mito 1: déficit calórico não é importante para a perda de peso
Se você já tentou perder peso com uma dieta, sabe que precisa criar um déficit calórico, queimando mais do que consome. "O déficit calórico é o motor da perda de peso, e ainda assim importa o que você come", diz Patel à Fortune.
"Os alimentos com mais fibras e mais proteínas magras serão mais saciantes e também estão alinhados com as diretrizes dietéticas que promovem a saúde. Será mais fácil criar um déficit calórico com esses tipos de alimentos do que com alimentos ultraprocessados."
Ela acrescenta que criar um déficit calórico apenas com alimentos ultraprocessados pode ser mais difícil, pois a mistura de gordura, sal e açúcar torna mais provável que você coma demais.
"Queremos realmente nos concentrar nas frutas, nos legumes, nas proteínas magras, nos grãos integrais, nas lentilhas, nos feijões, nesses tipos de alimentos, para realmente nos ajudar a criar esse déficit calórico", diz Patel.
Além de dar mais saciedade, as fibras e das proteínas atenderão às suas necessidades de nutrientes e reduzirá o consumo de alimentos ultraprocessados.
Mito 2: O jejum é mágico para a perda de peso
Você provavelmente já tentou fazer jejum intermitente porque viu em algum lugar que emagrece rápido. O método assume muitas formas, desde o jejum completo por 24 horas uma vez por semana até comer apenas entre 10 e 18 horas diariamente.
Embora algumas pessoas possam perder peso, não significa que essa prática promova melhor a perda de peso do que as abordagens tradicionais.
"O jejum pode ser uma ferramenta para ajudar as pessoas a reduzir a ingestão de calorias porque, no final das contas, é a redução da ingestão de calorias que de fato promove a perda de peso", afirma Patel.
Desta forma, o que é ingerido nessa janela de oito horas é importante e não pode ser qualquer tipo de alimento: "Você ainda pode ingerir mais calorias do que pretende em um período de oito horas, portanto, ainda é preciso se concentrar na qualidade da dieta."
Mito 3: A dieta cetônica é a melhor para a perda de peso
O objetivo de uma dieta cetogênica é colocar o corpo em um estado metabólico. Na cetose, em vez de queimar principalmente carboidratos, seu corpo usa gordura como combustível. Ou seja, essa dieta é rica em gordura e pobre em carboidratos, com ingestão moderada de proteínas.
Os benefícios da dieta cetônica podem incluir perda de peso, redução da pressão arterial, redução do açúcar no sangue, redução da inflamação e aumento do foco e da energia. Os efeitos colaterais, entretanto, variam de desidratação a pedras nos rins e "ceto gripe", um grupo de sintomas como fadiga e dor de estômago.
"As pessoas costumam esquecer que o problema não são os carboidratos em si, porque temos muitas fontes de carboidratos que promovem a saúde, como frutas, legumes e grãos integrais, que as pessoas não podem incorporar em uma dieta cetônica", explica.
"O outro problema com a dieta cetônica é que, da maneira como certas pessoas a fazem, elas começam a incorporar mais gordura saturada em sua alimentação diária. Portanto, há o risco de desenvolver colesterol alto, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas."
O componente mais poderoso da dieta cetônica é o déficit calórico. Nos primeiros seis a 12 meses, as pessoas podem ter uma maior perda de perda de peso em comparação a outras formas de restrição calórica. "Mas isso não é sustentável em longo prazo", acrescenta.
Mito 4: suplementos para perda de peso são aprovados pela FDA
Existem inúmeros suplementos de venda livre para perda de peso, mas nenhum é aprovados pela Food and Drug Administration (FDA). A agência regulamenta os suplementos dietéticos como alimentos, não como medicamentos, e geralmente o faz depois que eles estão no mercado.
"Grande parte do ônus recai sobre o fabricante do suplemento para provar sua segurança e 'eficácia', e há tantos suplementos por aí que os órgãos reguladores não conseguem acompanhar a tentativa de policiar todos eles", diz Patel.
Poucas evidências científicas sugerem que os suplementos para perda de peso de venda livre funcionam. Além disso, eles podem ser perigosos.
"Eles não são submetidos aos mesmos testes e regulamentações que os medicamentos, que precisam passar por testes clínicos e comprovar a segurança e a eficácia antes de serem aprovados pela FDA."
Antes de tomar um suplemento dietético de qualquer tipo, é fundamental fazer uma consulta médica ou com um especialista em nutrição.
Mito 5: Tomar medicamentos para perda de peso é mais fácil
A popularização pelas celebridades dos medicamentos GLP-1, como o Wegovy (para controle de peso crônico) e o Ozempic (para o tratamento de diabetes tipo 2), podem parecer milagrosos. Mas a especialista afirma que não é bem assim.
"Há alguns fatores neuro-hormonais fortes em jogo que dificultam não apenas a perda de peso, mas também a manutenção do peso a longo prazo. Os medicamentos realmente ajudaram a nivelar o campo de jogo. Eles podem ajudar a interromper parte dessa sinalização perturbadora", afirma.
Mas alerta que as pessoas não devem associar os medicamentos para controle de peso à vaidade, uma vez que a obesidade é uma doença grave e crônica, além de uma epidemia global, segundo a OMS.
A especialista afirma que os medicamentos GLP-1 podem ajudar as pessoas a perder peso diminuindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade. Além disso, eles devem ser associados à redução da ingestão de calorias e à prática regular de exercícios.
"Não é a saída mais fácil. As pessoas ainda precisam praticar hábitos de vida saudáveis", ressalta ela.
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