Você ama ou odeia brócolis? E o coentro? E que tal couve-de-bruxelas? Se você desgosta ou até sente repulsa por pelo menos um desses alimentos, o motivo pode ser o seu corpo. Enquanto a maioria das comidas nós gostamos ou deixamos de gostar por questão de preferência pessoal, alguns ingredientes você não tem culpa de ter uma forte opinião contrária. Confira no TudoGostoso 5 alimentos que têm explicação científica para você odiar e descubra se você se encaixa em algum desses grupos.
O brócolis é rejeitado mais pelas crianças, mas adultos também podem ter motivos para odiar esse alimento
Brócolis
Se você nunca gostou de um arroz de brócolis, de um brócolis gratinado e nem de um bolinho de brócolis, a razão pode estar na sua saliva. O brócolis faz parte dos alimentos do gênero Brassica. Esse tipo de alimento possui o sulfóxido de S-metil-L-cisteína e produz um odor de enxofre quando ativado. Mas por que algumas pessoas se incomodam e outras não?
Acontece que a nossa saliva tem um enorme microbioma de bactérias que afetam como sentimos os gostos. Uma determinada combinação de bactérias pode fazer com que o sulfóxido seja interpretado como saboroso. Só que outra combinação de bactérias tem o efeito oposto e o resultado são os compostos de enxofre voláteis que torna o paladar desagradável para essas pessoas.
Normalmente esta alteração incomoda mais as crianças, por isso tantas delas odeiam brócolis. Ao se tornarem adultas, algumas conseguem “reprogramar” a reação e passar a gostar do alimento. Mas muitos adultos continuam odiando o ingrediente. Estudos mostraram que esse microbioma pode ser genético e pais e filhos costumam apresentar níveis bem próximos do composto de enxofre na saliva.
Couve-de-bruxelas
A couve-de-bruxelas também pode gerar reações polêmicas quando falamos de gosto
A couve-de-bruxelas passa pelo mesmo problema do brócolis. Ela também faz parte do gênero Brassica e possui o sulfóxido que reage com a saliva dessas mesmas pessoas e gera o cheiro e sabor desagradável para elas. Nem mesmo uma porção de couve-de-bruxelas dourada no azeite ou um prato de legumes ao alho e óleo com couve-de-bruxelas no meio vai fazê-las mudar de ideia.
Outra explicação para a aversão aos alimentos do gênero Brassica como a couve-de-bruxelas se deve ao amargor deles. Em pesquisas sobre o tema, cientistas dividem as pessoas em grupos de “degustadores”, “não degustadores” e “superdegustadores”. Esse último grupo tem genes que codificam os receptores das papilas gustativas dos sabores amargos, se tornando mais sensíveis a eles, resultando na repulsa.
Couve-flor
A couve-flor é o terceiro e último alimento desta lista que faz parte do gênero Brassica. Como pode imaginar, o motivo de odiarem receitas como a couve-flor gratinada e a couve-flor frita também vem da saliva e do amargor. Ou seja, a pessoa que possui os genes e/ou o microbioma “inadequado” muito provavelmente odeia essas três verduras por achar seu cheiro desagradável e o gosto amargo.
O fato do nosso próprio corpo rejeitar o gosto forte desses alimentos não é tão difícil de entender. O olfato era um recurso importante para identificar que alimentos eram comestíveis na natureza. O amargo é muito presente em plantas não-comestíveis e o enxofre é um indicativo de bactérias que poderiam causar mal estar ou até serem letais. Em outras palavras, essa sensibilidade é na verdade um mecanismo de defesa do corpo.
Coentro
Apenas uma pequena quantidade de coentro pode estragar pratos inteiros para algumas pessoas
Você é do tipo que não entende porque as pessoas insistem em colocar coentro na comida porque acha que tem gosto de sabão? A boa notícia é que você não está sozinho, existem muitas pessoas como você. Mas nem todo mundo é assim. E você pode culpar a genética por isso. Um dos componentes do coentro é o aldeído. Esse mesmo composto também aparece na baunilha, na canela e, sim, no sabonete.
Para a maioria das pessoas, o aldeído não faz nenhuma diferença e todos esses produtos têm seus cheiros e gostos particulares. Só que tem gente com o gene OR6A2 que faz com que seus receptores olfativos sejam sensíveis ao aldeído. Como o olfato e o paladar trabalham juntos para formar o gosto que sentimos, a consequência é que pessoas com esse gene sentem gosto de sabão quando comem o coentro.
Por ser genético, estudos mostraram um padrão em grupos de pessoas. De forma geral, europeus, judeus e africanos são povos que sentem mais gosto de sabão no coentro. Por outro lado, entre mexicanos e indianos a parcela da população que passa por esse problema é bem menor, o que explica o coentro no guacamole e no frango tandoori e em tantos outros pratos típicos.
Queijo
Os micro-organismos responsáveis pela maturação do queijo são responsáveis pela repulsa que algumas pessoas têm pelo queijo
Pode surpreender, mas é verdade que não são apenas as verduras e ervas que causam repulsa. Algumas pessoas desgostam do queijo a ponto de passar longe dele ao degustar uma tábua de frios e não é culpa delas. Queijo é um alimento envelhecido, muitas vezes maturado com ajuda de fungos e bactérias.
Apesar de ser um processo controlado que não faz mal e nem torna o alimento perigoso, a degradação da proteína do leite não tem exatamente um cheiro muito agradável. Por causa disso, as pessoas que são mais sensíveis aos cheiros amargos ou fortes, como os superdesgustadores, podem ter reações negativas ao odor do queijo. Essa repulsa faz com que também não consigam gostar do sabor do alimento.
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