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Bêbado sem beber? Síndrome rara e misteriosa gera sintomas de intoxicação alcoólica no corpo sem o consumo de bebidas alcoólicas; entenda como isso acontece

Não é desculpa de quem passou do ponto na bebedeira: essa doença, apesar de rara, realmente existe!

Bêbado sem beber? Síndrome rara e misteriosa gera sintomas de intoxicação alcoólica no corpo sem o consumo de bebidas alcoólicas; entenda como isso acontece

Essa doença faz com que a pessoa apresente vários sintomas da ingestão de álcool sem ter bebido; entenda! (Crédito: Shutterstock)

Os efeitos de uma bebedeira não são nada agradáveis, todo mundo sabe! Dor de cabeça, fadiga, ressaca, preguiça de levantar no dia seguinte… Quem já passou do ponto alguma vez na noitada entende como esses sintomas são desagradáveis. Mas imagine senti-los sem ter ingerido nenhuma gota de bebida alcoólica. Sim, isso pode acontecer por conta de uma doença rara, sabia?!

O nome técnico da doença é “Síndrome de Fermentação Gastrointestinal (SFG)”, mas a doença também conhecida como “Síndrome da Autocervejaria” ou “Síndrome da Cervejaria Automática” - e existem relatos de pessoas que têm de ir ao hospital por apresentarem sintomas de embriaguez sem terem ingerido álcool exatamente por conta dessa doença.

Entendendo a ação da Síndrome de Fermentação Gastrointestinal

Nessa condição chamada de Síndrome de Fermentação Gastrointestinal o sistema digestivo fermenta carboidratos ingeridos por conta do crescimento excessivo de alguns micróbios que habitam o trato intestinal. Essa fermentação produz etanol (álcool), que é absorvido pelo organismo e resulta em níveis elevados de álcool no sangue sem que a pessoa tenha consumido bebidas alcoólicas.

E os sintomas da “Síndrome da Autocervejaria”, que recebe esse nome por conta do processo de fermentação, são iguaizinhos ao da embriaguez pela ingestão de bebidas, incluindo:

  • Vertigem e tontura
  • Desorientação
  • Náusea e vômitos
  • Fadiga
  • Dor de cabeça
  • Dificuldade de concentração e memória
  • Mudanças de humor e comportamento


Em casos graves, inclusive, os sintomas da Síndrome de Fermentação Gastrointestinal podem se assemelhar aos de um episódio de embriaguez severa com intoxicação alcoólica, incluindo perda de coordenação e fala arrastada.

O que causa a síndrome?

Como dissemos no início do texto, essa condição é realmente rara e o número exato de pessoas que tem a síndrome da Síndrome de Fermentação Gastrointestinal não é conhecido, havendo apenas alguns casos na literatura médica.

O que a ciência sabe até aqui é que é provável que as pessoas não nasçam com essa síndrome, mas sim que ela é desencadeada por uma perturbação na microbiota intestinal. Um estudo, por exemplo, mostrou que uma levedura chamada Saccharomyces cerevisiae foi a que mais produziu álcool nas condições testadas.

De qualquer forma, as causas exatas da doença ainda não são completamente compreendidas, mas é sabido que alguns fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento em quem tem predisposição.

Por exemplo, a disbiose intestinal, que nada mais é que um desequilíbrio na flora intestinal, pode levar ao crescimento excessivo de leveduras (como a Saccharomyces cerevisiae) em relação às bactérias benéficas, levando ao desenvolvimento da síndrome.

Além disso, uma dieta rica em carboidratos pode fornecer o substrato necessário para a fermentação dessas leveduras, assim como o uso prolongado de antibióticos, que pode matar bactérias benéficas no intestino, permitindo que as leveduras proliferem.

Por fim, problemas de motilidade gastrointestinal, ou seja, condições que afetam o trânsito intestinal, também podem criar um ambiente favorável para a fermentação. Essas são, porém, apenas possíveis causas - e o mecanismo completo do desenvolvimento da doença ainda não é conhecido totalmente.

Dá para evitar a doença?

Em pessoas que têm uma predisposição para o desenvolvimento da Síndrome de Fermentação Gastrointestinal, as evidências mostram que limitar a quantidade de levedura presente no intestino (limitando as fontes alimentares que a levedura utiliza para crescer) pode ajudar a abrandar a produção interna de álcool. Para isso podem ser indicados (após diagnóstico médico):

  • Mudanças na dieta: com a redução da ingestão de carboidratos para limitar o substrato disponível para fermentação
  • Uso de antifúngicos: o medicamento pode ajudar a reduzir o crescimento de leveduras no trato gastrointestinal
  • Uso de probióticos: essa suplementação com bactérias benéficas (probióticos) pode ajudar a restaurar o equilíbrio da flora intestinal
  • Monitoramento contínuo: acompanhamento médico regular dos sintomas e dos níveis de álcool no sangue


Embora a síndrome da cervejaria automática seja rara, é importante perceber como os fungos intestinais têm efeitos abrangentes na saúde. Ainda que as leveduras no nosso intestino sejam muito menores em número do que outros tipos de bactérias, elas ainda podem ter efeitos na nossa saúde e tornar-se uma fonte potencial de infecção. Por isso, a dica é: cuide bem da sua saúde intestinal!

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