Você já deve ter ouvido de pessoas que estão acima do peso que o médico disse, após consulta, que elas estão saudáveis e que a gordura corporal não afeta a sua qualidade de vida. Quanto disso será que pode ser verdade?
A ideia de que uma pessoa obesa possa ser “saudável” causa polêmica entre especialistas. O tema é complexo, pois envolve uma série de fatores biológicos, comportamentais e sociais que influenciam a saúde.
Para tirar essa dúvida, o médico Fernando Bastos, endocrinologista e especialista em metabolismo, abordou essa questão em suas redes sociais, usando de informações científicas para analisar essa questão. Vamos entender!
O que é flexibilidade metabólica e por que ela importa?
O médico informa que sim, é possível que uma pessoa com sobrepeso não apresente problemas de saúde imediatamente. Porém, aí está o "X" da questão: isso não significa que ela esteja totalmente protegida dos riscos associados à obesidade.
Para explicar isso, ele entra no conceito de flexibilidade metabólica. Segundo ele, essa é a capacidade do corpo de alternar entre a queima de diferentes tipos de combustível (carboidratos e gorduras) conforme a necessidade. Essa habilidade varia de pessoa para pessoa e é altamente influenciada pela genética.
Pessoas com boa flexibilidade metabólica conseguem, por exemplo, queimar carboidratos rapidamente durante atividades intensas e usar a gordura como fonte de energia em períodos de baixa atividade ou jejum. Por conta disso, algumas pessoas obesas podem, em certos casos, exibir marcadores saudáveis, como níveis normais de colesterol e pressão arterial, enquanto outras, mesmo magras, podem ter problemas metabólicos.
A relação entre gordura subcutânea e visceral
No entanto, o médico explica que essa condição não é permanente e, com o passar do tempo, especialmente se os cuidados com a saúde forem negligenciados, o excesso de peso começa a impactar o corpo, especialmente no acúmulo de gordura visceral, que é mais perigosa e menos saudável do que a gordura subcutânea.
A gordura subcutânea é aquela que se encontra logo abaixo da pele e que, em geral, representa menor risco para a saúde. Já a gordura visceral, que envolve órgãos como fígado, pâncreas e intestinos, tem uma relação direta com doenças metabólicas. Quando o organismo esgota a capacidade de armazenar gordura de forma segura no tecido subcutâneo, começa a acumular gordura visceral.
Isso tende a se intensificar com o tempo, com o envelhecimento, o que aumenta o acúmulo de gordura visceral. Esse tipo de gordura está diretamente associado a problemas como resistência à insulina, inflamação crônica e aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Obesidade e saúde
Com o passar dos anos, a tendência a acumular gordura visceral aumenta, já que há uma redução natural na produção de hormônios que ajudam a controlar o metabolismo e a distribuir a gordura de forma saudável, como testosterona, estrogênio, progesterona, melatonina e o hormônio do crescimento.
Essa combinação de acúmulo de gordura visceral e redução de hormônios leva a um risco aumentado de problemas de saúde na fase adulta e na terceira idade. Com menos hormônios anabólicos – que são essenciais para a manutenção muscular e para o controle de gordura – o corpo tende a ganhar peso de forma mais fácil e com maiores impactos negativos na saúde.
Afinal, existe "obesidade saudável”
O termo “obesidade saudável” tem sido usado para descrever pessoas obesas que, aparentemente, não apresentam problemas de saúde significativos, como pressão alta, diabetes ou colesterol elevado. O médico, porém, alerta que essa condição é transitória.
Assim, é possível dizer que obesidade sem problemas metabólicos aparentes não é necessariamente saúde, mas sim uma fase que pode ser temporária. O risco de desenvolver complicações permanece e pode se intensificar com o tempo e o aumento de gordura visceral.
A obesidade metabolicamente saudável, portanto, não significa que o indivíduo está livre dos efeitos negativos do excesso de peso, mas sim que o corpo ainda está conseguindo lidar, temporariamente, com o peso extra. Com o passar do tempo e, especialmente, com o envelhecimento, a capacidade de armazenar gordura de maneira segura diminui, e o risco de doenças aumenta.
Independentemente de fatores genéticos, manter um estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenir problemas de saúde relacionados ao peso. Uma alimentação equilibrada, atividade física regular e bons hábitos desde a infância é o mais recomendado.
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