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Por que é mais barato comer ultraprocessados do que alimentos saudáveis e o que podemos fazer para melhorar isso

Pesquisador explica por que os produtos ultraprocessados costumam ser mais baratos que os alimentos saudáveis

Faça melhores escolhas quando for ao mercado e evite os produtos ultraprocessados (Foto: Shutterstock)

Você já deve ter percebido que muitos produtos ultraprocessados estão mais baratos que os alimentos naturais ou minimamente processados nos supermercados. Esse desequilíbrio de preços é preocupante, em especial para especialistas em saúde que fazem um movimento para estimular a população a adotar uma alimentação saudável.

Mas nem tudo está perdido! Existe uma expectativa com relação à reforma tributária em discussão no Congresso que pode sobretaxar os ultraprocessados e acabar com os impostos dos alimentos benéfico à saúde.

O intuito é estimular as pessoas a optarem por melhores alimentos. Entenda os caminhos desse debate!

Como os alimentos frescos e ultraprocessados se dividem na mesa dos brasileiros

De acordo com dados levantados pelo canal Eu Atleta, do Globo Esporte, os produtos frescos ou minimamente processados equivalem a 48,6% do consumo dos brasileiros, segundo os últimos dados disponíveis (2017-2018), da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IGBE.

No entanto, o consumo de ultraprocessados nos domicílios brasileiros tem crescido nos últimos anos: de 14,3% em 2002-2003, foi para 19,4% em 2017-2018. Essa mudança mostra que a diminuição gradativa dos preços desses produtos os tornou cada vez mais acessíveis para compra.

"Os ingredientes baratos dos ultraprocessados podem ser comprados em escala muito grande, porque são empresas transnacionais. Eles possuem mecanismos de proteção", explica Rafael Moreira Claro, pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, ao GE.

"As cadeias de produção mais complexas conseguem fazer movimentos disruptivos. Abrem-se plantas em novos locais e conseguem-se facilidades tributárias. O resultado disso, com o passar do tempo, é que os ultraprocessados tendem a sempre ficar mais baratos", acrescenta.

O que torna os alimentos ultraprocessados tão prejudiciais à saúde

Os ultraprocessados são alimentos industrializados produzidos com muitos aditivos alimentares, como açúcares, sódio, gorduras e produtos químicos. Esses produtos são pobres em vitaminas, sais minerais e fibras, algo essencial para uma alimentação saudável.

Como você já deve saber, os ultraprocessados são compostos por produtos como biscoitos, macarrão instantâneo, salsichas, refrigerantes, sorvetes e muitos outros itens que são vendidos pela praticidade nas prateleiras.

Altamente maléficos para a saúde, estudos recentes associaram esses alimentos a diversos problemas, incluindo alguns tipos de câncer.

No entanto, não significa que todos os alimentos ultraprocessados sejam mais baratos do que frutas e vegetais. Existem muitos alimentos benéficos que você pode priorizar no mercado e que, além de alimentar e saciar mais, vão fazer bem para o seu organismo.

Procure fazer melhores escolhas e inclua frutas, legumes, verduras, leguminosas e menos produtos ricos em açúcares, sódio e gorduras. Quanto mais alimentos você preparar em casa, que não sejam comprados prontos, melhor para a sua saúde.

Tributação de alimentos ultraprocessados

A socióloga Paula Johns, diretora-executiva da ONG ACT Promoção da Saúde, explica que o preço dos alimentos está muito ligado às escolhas que as pessoas têm possibilidade de fazer: "Se há uma quantidade grande de ultraprocessados ficando cada vez mais baratos, é um incentivo ao consumo de coisas nocivas muito forte. Isso é uma grande ameaça, porque preço é muito significativo no acesso."

Com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária já aprovada, o que se discute no momento é sobre a regulamentação, etapa vista pelos especialistas com alguns riscos.

Ainda que frutas, vegetais e ovos tenham isenção de imposto, a preocupação é de que os ultraprocessados sejam colocados em uma faixa de tributação com alíquota menor do que a atual, tornando-os ainda mais baratos.

Para as entidades que defendem uma promoção de saúde, esses alimentos não saudávels devem ser colocados na cesta de imposto seletivo, junto de refrigerante, álcool e cigarro. "Precisamos de um sistema tributário que seja pró-saúde, pró-sustentabilidade e pró-justiça social, e o sistema tributário vigente é contra isso tudo", alerta Paula.

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