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Menino viciado em fast-food fica cego e drama expõe efeitos da alimentação limitada em hambúrgueres com molho ranch e batata frita
Clarice MunizPor  Clarice Muniz  | Redatora

Sou jornalista e assessora de imprensa especializada em conteúdos de saúde e bem-estar. Adepta da comida de verdade, costumo preparar as minhas refeições diariamente, seguindo as recomendações de cuidados e saúde de especialistas. Sou fã de pimenta. Se você não curte comida picante, não se arrisque em tirar uma provinha da minha panela.

Especialista explica a relação da deficiência de vitaminas e minerais em uma dieta variada e equilibrada com os danos à visão

Menino viciado em fast-food fica cego e drama expõe efeitos da alimentação limitada em hambúrgueres com molho ranch e batata frita

Menino americano perdeu a visão por consumir uma dieta bastante restrita em nutrientes (Foto: banco de imagens Canva) 

Imagine se alimentar somente de hambúrguer com molho ranch, batatas fritas, donuts glaceados e suco de frutas? Para muita gente, mesmo ciente dos diversos riscos de consumir fast-food à saúde, essa pode ser a dieta dos sonhos. Mas a realidade é alarmante.

Um estudo publicado em agosto, e que acaba de ter destaque no Daily Mail, cita o caso de um menino que ficou cego devido a uma grave deficiência de nutrientes.

Infelizmente, uma triste notícia acaba sendo necessária para estimular a sociedade a uma reflexão sobre os danos do consumo de alimentos ultraprocessados e junk food para o corpo e a importância de se fazer melhores escolhas de nutrientes no dia a dia. Saiba mais detalhes desse estudo recente.

Menino viciado em fast-food fica cego por falta de variação de nutrientes

Hambúrgueres com molho ranch, à base de maionese e creme, batatas fritas, donuts glaceados e suco de fruta: essa era a dieta limitada do menino de Massachusetts, baseada principalmente em junk food.

"A alimentação seletiva é comum em pacientes com autismo e resultou (neste caso) em deficiências nutricionais associadas a distúrbios que afetam o nervo óptico e a retina", afirmam os autores do estudo no artigo.

Os autistas apresentam distúrbios sensoriais que também se refletem em certos alimentos, cujo cheiro, sabor ou consistência não são tolerados.

A questão da consistência foi a que fez o menino americano a optar por alimentos bastante restritos, negligenciando os vegetais, aceitando apenas os sucos industrializados que, segundo especialistas, não substituem as frutas frescas.

Alimentos novos e vitaminas também foram recusados por ele. Uma noite ele acordou gritando e relatou que não conseguia mais enxergar. Na ocasião, ele foi levado ao hospital.

Os sinais da cegueira começaram com a visão turva

Segund os pais, seis semanas antes desse episódio a criança começou a ter visão turva de manhã e à noite, sem que o optometrista detectasse. Quando caminhava, ele se apoiava nos pais cada vez mais e esbarrava em portas e paredes, desenvolvendo ainda inchaços e crostas ao redor dos olhos.

E de repente a visão ficou limitada apenas às formas e cores, sem distinguir movimentos e detalhes dos objetos. Os médicos diagnosticaram atrofia do nervo óptico: lentamente, as células nervosas começaram a morrer sem sinais óbvios.

Excluindo outras causas como trauma, infecção, exposição a toxinas ou radiação, os especialistas se concentraram numa grave deficiência de nutrientes causada pela dieta restrita: "Há evidências particularmente fortes para apoiar o diagnóstico de deficiências de vitamina A, cobre e zinco".

Também foram observadas deficiências de vitaminas D, C e K. Como a administração de vitaminas e minerais, foi possível restaurar os níveis corretos, mas não reverter os danos ópticos.

Falta de nutrientes está entre as principais causas de cegueira em crianças

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo, 500.000 crianças perdem a visão anualmente porque não recebem vitaminas suficientes:

  • Vitamina A: sensibilidade à luz e ajuda a visão em condições de pouca luz;
  • Vitamina D: previne o ressecamento dos olhos;
  • Vitamina C: protege contra os raios UV;
  • Vitamina K: melhora a microcirculação;
  • Cobre e zinco: protegem a retina.

Por ser um caso de um menino autista, com síndrome de déficit de atenção (TDAH) e atrasos cognitivos, linguísticos e motores, é possível que essa tenha sido a justificativa para que ele se privasse de nutrientes importantes.

"O caso dele é limítrofe, mas provavelmente há também outro problema além do sensorial, talvez neurológico não diagnosticado", observa o médico italiano Andrea Coco, especialista em nutrição clínica e que trata da alimentação de adolescentes autistas, ao site Il Fatto Quotidiano.

Comportamento alimentar de crianças autistas e má absorção

A alimentação seletiva é um comportamento específico dessas crianças, que têm um desejo real por determinados alimentos ricos em açúcares simples, afirma o especialista. "A comida torna-se uma bóia salva-vidas, um ritual e uma forma de afirmação", acrescenta.

No entanto, esses alimentos ricos em açúcares simples costumam integrar a categoria de junk food, contra a qual a ciência tem alertado sobre os perigos à saúde.

Em fevereiro deste ano, por exemplo, um estudo publicado no BMJ identificou as ligações entre junk food e 32 problemas de saúde, incluindo:

  • Tumores,
  • Doenças cardíacas,
  • Doenças pulmonares,
  • Diabetes 2,
  • Obesidade,
  • Ansiedade,
  • Morte prematura.

Outros estudos relataram déficits de atenção em crianças e adolescentes e problemas de saúde mental em adultos.

"Os junk food podem representar até 58% da ingestão diária total de energia em alguns países de alta renda e estão aumentando rapidamente em muitos países de baixa e média renda nas últimas décadas", escreveu a revista Scimex ao apresentar o estudo do BMJ.

A junk food promove inflamação generalizada de baixo grau que também afeta o funcionamento da barreira epitelial, reduzindo assim a absorção de nutrientes, explica Andrea Coco: "Isso resulta em dificuldades na absorção de nutrientes, dos quais, entre outras coisas, a junk food é muito pobre."

Se esta situação se insere num quadro já complexo como o das crianças autistas – muitas vezes com problemas de funcionamento intestinal, ressalta o médico – a desnutrição está praticamente garantida.

"É necessário fazer uma reprogramação, utilizando probióticos para modificar o sinal e retirar o desejo bioquímico, e depois atuar na dependência mental e na ritualidade, em equipe com educadores", destaca.

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