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É uma emergência de saúde global: obesidade infantil quase dobra em todo o mundo (e o que pode ser feito para combater isso)

'O sobrepeso e a obesidade pediátrica atingiram níveis epidêmicos nos EUA e estão se tornando uma pandemia em todo o mundo', afirma pesquisador

É uma emergência de saúde global: obesidade infantil quase dobra em todo o mundo (e o que pode ser feito para combater isso)

Pesquisadores apontam caminhos para mudar o cenário alarmante do crescimento da obesidade infantil (Foto: Shutterstock)

O mundo vem observando um aumento alarmante nos casos de sobrepeso e obesidade infantil desde 1990 e este fenômeno afeta todos os continentes. Liderados pelos Estados Unidos, onde a situação é mais prevalente, muitos outros países estão seguindo o mesmo caminho.

Segundo aponta o site SciTechDaily, especializado em notícias de saúde e pesquisa médica, no sul da Europa, de 10% a 15% das crianças enfrentam a obesidade, enquanto países do leste europeu, em taxas um pouco menores, estão observando um aumento rápido.

A Ásia abriga quase metade de todas as crianças com sobrepeso com menos de 5 anos de idade globalmente, enquanto na África, um quarto dessas crianças sofre desse problema. Na América Latina, aproximadamente 20% das crianças estão acima do peso.

Para muitos países em desenvolvimento, a realidade é ainda mais complexa, pois enfrenta um duplo desafio: sobrepeso/obesidade e desnutrição infantil. Essas tendências revelam uma crise global de saúde pública que exige atenção urgente e estratégias eficazes para proteger o bem-estar das gerações futuras.

Saiba quais são as consequências da obesidade infantil para a saúde

Dentre as consequências mais evidentes da epidemia da obesidade infantil estão a hipertensão infantil, a diabetes tipo 2, entre outros problemas de saúde.

Pesquisadores do Schmidt College of Medicine da Florida Atlantic University discutem os desafios e as possíveis soluções em um artigo publicado no The Maternal and Child Health Journal.

"O sobrepeso e a obesidade pediátrica atingiram níveis epidêmicos nos EUA e estão se tornando uma pandemia em todo o mundo. Essas condições levam à pressão alta, diabetes tipo 2 e distúrbios lipídicos, que contribuem para a síndrome metabólica", explicam no artigo.

Em adultos, esses problemas aumentam significativamente os riscos de ataques cardíacos, derrames, doenças hepáticas, apneia obstrutiva do sono, artrite e certos tipos de câncer.

"Muitos dos quais estão ocorrendo agora, em idades mais jovens”, aponta Charles H. Hennekens, primeiro autor e primeiro Sir Richard Doll Professor de Medicina e Medicina Preventiva da FAU Schmidt College of Medicine.

Qual é o papel do Índice de Massa Corporal (IMC)

Os autores do artigo relatam as principais causas dessa epidemia e apontam como o alto índice de massa corporal (IMC) aumenta os riscos de muitos problemas graves de saúde.

Nos EUA, uma criança em idade pré-escolar é considerada acima do peso se o seu IMC exceder 85. Pesquisas mostram que essas crianças correm um maior risco de ficar acima do peso na adolescência em comparação às que apresentam IMC 50.

Isso demonstra um erro na concepção de que as crianças simplesmente "superam" os problemas de sobrepeso.

Eles destacam ainda os desafios dos prestadores de serviços de saúde e dos profissionais de saúde pública sobre o aumento das atividades físicas diárias entre as crianças, um fator fundamental para aumentar as taxas metabólicas, diminuir o IMC e reduzir os riscos futuros de doença coronariana.

Mais atividades físicas e menos tempo de tela

Segundo relatam os pesquisadores, a prática de atividades é um ponto crucial no processo de combate ao sedentarismo, um dos fatores que contribuem para a obesidade infantil.

"Com o declínio da educação física nas escolas e o tempo excessivo gasto com dispositivos eletrônicos, muitas crianças não conseguem cumprir as diretrizes de atividade recomendadas", explica Panagiota ‘Yiota’ Kitsantas, Ph.D., coautora e professora e presidente do Departamento de Saúde Populacional e Medicina Social da FAU, Schmidt College of Medicine.

"Esse comportamento sedentário contribui para o sobrepeso e a obesidade por meio de uma dieta inadequada, sono reduzido e diminuição da atividade física. Incentivar atividades organizadas e agradáveis, em vez de competitivas, pode ajudar as crianças a atingir os níveis necessários de atividade física", acrescenta.

Alimentação inadequada é um agravante para a obesidade infantil

Mas não basta combater o sedentarismo. Os autores também alertam que, embora seja necessário aumentar os níveis de atividade física diária, isso não é suficiente para causar um grande impacto nas taxas de sobrepeso e obesidade infantil.

O aumento de alimentos com alto teor de açúcar e o consumo de alimentos ultraprocessados também são os principais fatores que estimulam esse problema.

"Quase 70% da dieta média das crianças norte-americanas é composta de alimentos ultraprocessados", aponta Hennekens.

"Além disso, o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças com menos de 24 meses está aumentando em todo o mundo, desencadeando não apenas o potencial de desenvolvimento de obesidade, mas também a diminuição da proteção imunológica", ressalta.

Pesquisadores sugerem o fim dos alimentos ultraprocessados na merenda escolar

Os autores alertam que uma dieta rica em alimentos ultraprocessados está ligada ao aumento das taxas de sobrepeso e obesidade, sendo as escolas uma das principais fontes desses alimentos.

“As evidências sugerem que a melhoria dos padrões nutricionais da merenda escolar poderia ajudar a reduzir a obesidade, principalmente entre as crianças de baixa renda", ressalta Kitsantas.

"Recomendamos a adoção de políticas de alimentação escolar que removam os alimentos ultraprocessados dos cardápios e promovam alternativas mais saudáveis.”

Hennekens acrescenta que, apesar das recomendações da Organização Mundial da Saúde e das autoridades de saúde pública em restringir o marketing de alimentos destinado a crianças, poucos países implementaram essas medidas.

"A eficácia das regulamentações existentes no cenário atual da mídia é incerta, o que cria uma oportunidade para os profissionais de saúde e de saúde pública educarem as famílias sobre o impacto dessa publicidade."

Ignorar esses desafios pode levar a uma epidemia global sem precedentes de obesidade infantil e adolescente, com graves consequências para a saúde no futuro, como observado nos EUA.

"Os profissionais de saúde e de saúde pública devem colaborar em todas as disciplinas para abordar esses problemas com pacientes, famílias, comunidades e formuladores de políticas. A união de esforços pode ajudar a reverter essas tendências preocupantes e garantir um futuro mais saudável para as crianças do mundo todo", disse Kitsantas.

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