
A inflamação no corpo pode não ser tão ruim quanto você pensa, sugere especialista de Harvard (Foto: Shutterstock)
A inflamação não é tão ruim quanto você imagina. É o que afirma o médico reumatologista Robert H. Shmerling, Editor Sênior do Corpo Docente da Harvard Health Publishing e membro do corpo docente em medicina na Harvard Medical School.
Muitos especialistas alertam que a inflamação contribui para muitas doenças crônicas e para as principais causas de morte em todo o mundo, como doenças cardíacas, derrames, demência e câncer. E, realmente, essas doenças são associadas à inflamação crônica.
A questão, neste caso, é saber o que de fato você pode fazer para reduzir a inflamação em seu corpo de forma eficiente. Será que uma dieta anti-inflamatória ou, ao menos, incorporar alimentos anti-inflamatórios resolver o problema? Descubra a verdade!
O que é a inflamação do corpo, afinal?
Segundo o especialista, existem muitos conceitos errôneos sobre o que é a inflamação. Uma definição padrão, segundo ele, descreve a inflamação como a resposta do corpo a uma lesão, alergia ou infecção, causando vermelhidão, calor, dor, inchaço e limitação da função.
"Isso é correto se estivermos falando de uma farpa no dedo, pneumonia bacteriana ou erupção cutânea causada por hera venenosa. Mas é apenas uma parte da história, pois há mais de um tipo de inflamação", explica.
A inflamação aguda surge de repente, "dura de dias a semanas, e depois se acalma quando a causa, como uma lesão ou infecção, está sob controle". Em geral, esse tipo de inflamação é uma reação que tenta restaurar a saúde da área afetada, conforme descrito na definição anterior.
Por outro lado, a inflamação crônica pode se desenvolver "sem motivo clinicamente aparente, durar a vida inteira e causar danos em vez de cura". Esse tipo de inflamação costuma estar associado a doenças crônicas, como:
- Excesso de peso;
- Diabetes;
- Doenças cardiovasculares, inclusive ataques cardíacos e derrames;
- Certas infecções, como a hepatite C;
- Doenças autoimunes;
- Câncer;
- Estresse, seja psicológico ou físico.
Quais células estão envolvidas na inflamação?
As células envolvidas nos dois tipos de inflamação fazem parte do sistema imunológico do corpo, algo normal quando se entende que o sistema imunológico defende o corpo de ataques de todos os tipos.
Dependendo da duração, do local e da causa do problema, uma variedade de células imunológicas, como neutrófilos, linfócitos e macrófagos, entra em ação para criar a inflamação, afirma o médico.
"Cada tipo de célula tem sua própria função específica, incluindo o ataque a invasores estrangeiros, a criação de anticorpos e a remoção de células mortas", explica.
Especialista de Harvard esclarece mitos e conceitos errôneos sobre a inflamação
Diante de tantas afirmações propagadas por especialistas nas redes sociais, incluindo orientações e dicas para evitar e tratar a inflamação do corpo, muitos usuários podem interpretar de forma equivocada.
Para evitar que isso aconteça, o médico esclarece alguns mitos e conceitos errôneos sobre o assunto.
1. A inflamação é a causa principal da maioria das doenças modernas.
"Não tão rápido. Sim, várias doenças crônicas são acompanhadas de inflamação. Em muitos casos, o controle dessa inflamação é uma parte importante do tratamento. E é verdade que a inflamação sem controle contribui para problemas de saúde de longo prazo", afirma o especialista.
Ele acrescenta, no entanto, que a inflamação não é a causa direta da maioria das doenças crônicas. Por exemplo, a inflamação dos vasos sanguíneos ocorre com a aterosclerose.
"Não sabemos se a inflamação crônica causou isso ou se os principais contribuintes foram os fatores de risco padrão, como colesterol alto, diabetes e tabagismo, todos causadores de inflamação", ressalta ele.
2. Você sabe quando está inflamado.
Ele afirma que é verdade para algumas doenças. Pessoas com artrite reumatoide, por exemplo, sabem quando suas articulações estão inflamadas porque sentem mais dor, inchaço e rigidez.
"Mas o tipo de inflamação observado na obesidade, no diabetes ou nas doenças cardiovasculares, por exemplo, não causa sintomas específicos", destaca o especialista.
Ele acrescenta que até causa fadiga, névoa cerebral, dores de cabeça e outros sintomas que, às vezes, são atribuídos à inflamação: "Mas muitas pessoas apresentam esses sintomas sem inflamação."
3. O controle da inflamação crônica eliminaria a maioria das doenças crônicas.
Não é bem assim, afirma ele. Os tratamentos eficazes geralmente têm como alvo a causa da inflamação, em vez de apenas suprimir a inflamação em si.
"Uma pessoa com artrite reumatoide pode tomar esteroides ou outros medicamentos anti-inflamatórios para reduzir os sintomas. Mas, para evitar danos permanentes às articulações, ela também toma um medicamento para tratar a doença subjacente que está causando a inflamação", cita como exemplo.
4. Dietas anti-inflamatórias ou determinados alimentos previnem doenças suprimindo a inflamação.
Embora seja verdade que alguns alimentos e dietas sejam mais saudáveis do que outros, não está claro se seus benefícios se devem à redução da inflamação, destaca ele, referindo-se aos alimentos ditos anti-inflamatórios.
"Mudar de uma dieta ocidental típica para uma 'dieta anti-inflamatória', como a dieta mediterrânea, melhora a saúde de várias maneiras. A redução da inflamação é apenas um dos muitos mecanismos possíveis", afirma.
A inflamação não é um vilão solitário
É importante entender que mesmo se fosse possível eliminar completamente a inflamação do corpo, você não iria querer. Isso porque ao acabar com ela, seria inviável montar uma resposta eficaz a infecções, alérgenos, toxinas ou lesões.
Segundo o especialista, a inflamação é complicada. A aguda é a resposta natural do seu corpo, geralmente útil, a lesões, infecções ou outros perigos.
Às vezes, no entanto, ela desencadeia problemas próprios ou sai do controle, é quando é necessário entender melhor o que causa a inflamação e o que faz com que ela se torne crônica.
Mas não existe uma solução rápida ou simples para a inflamação prejudicial à saúde. Para reduzi-la, é preciso detectar, prevenir e tratar suas causas subjacentes.
Na maioria das vezes, a inflamação existe em seu corpo por um bom motivo e faz o que deve fazer. "E quando ela está causando problemas, você pode tomar medidas para melhorar a situação", ressalta o médico.
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