
Aditivo é usado para dar aos alimentos e bebidas uma cor vermelho-cereja. (créditos: Shutterstock)
O Corante Vermelho nº 3, também conhecido como eritrosina, teve o seu uso banido nos Estados Unidos após uma resolução da Food and Drug Administration (FDA). A agência funciona como uma espécie de Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) americana e, segundo comunicado da mesma, a decisão foi tomada com base em dois estudos que apontam que o produto pode causar câncer em ratos. Os fabricantes de alimentos e bebidas têm até janeiro de 2027 para remover o corante da fórmula dos seus produtos, enquanto as farmacêuticas têm até 2028 para se adequar a nova norma.
A decisão da FDA não afeta o uso do corante no Brasil, onde o produto segue autorizado pela Anvisa. No entanto, algumas organizações de segurança alimentar brasileiras questionaram o posicionamento da agência em relação ao uso do aditivo depois da proibição nos EUA. Em nota ao G1, a Anvisa informou que está ciente da decisão da FDA e que vai analisar as referências científicas para entender se há uma justificativa para a reavaliação.
O que é Corante Vermelho nº 3?
O Corante Vermelho nº 3 ou eritrosina é um aditivo sintético utilizado para dar uma coloração vermelho-cereja vibrante a alimentos, medicamentos e bebidas. Até os anos 1990, o corante também foi usado na fabricação de cosméticos, como maquiagens, batons e cremes tópicos, mas a própria FDA proibiu o seu uso após pesquisas indicarem que o aditivo causava câncer de tireóide em ratos. No entanto, nenhuma proibição foi feita em relação ao uso em alimentos e medicamentos.
Os produtos que costumam ser fabricados com o Corante Vermelho nº 3 são:
- Doces, pirulitos, batas, jujubas, chicletes e colares de doces
- "Carnes" veganas, como bacon e salsichas artificiais
- Coberturas como glacês vermelhos ou cor-de-rosa
- Salsichas e cachorros-quentes
- Algodão-doce
- Cereais
- Biscoitos, bolos e cupcakes, incluindo alguns produtos de red velvet e bolos "funfetti"
- Granulados coloridos
- Leites, bebidas e shakes nutricionais com sabor de morango
- Vitaminas gomosas
- Misturas para purê de batatas
- Certos medicamentos
Afinal, o Corante Vermelho nº 3 pode causar câncer em humanos?
A decisão da FDA é apoiada em estudos que associam o consumo do corante a câncer em ratos expostos a altos níveis do aditivo. No entanto, a organização destaca que não há nenhuma comprovação cientifica que estabelece ligações entre o corante vermelho nº 3 e o câncer em humanos, e “os níveis relevantes de exposição ao FD&C Red No. 3 para humanos são tipicamente muito mais baixos do que aqueles que causam os efeitos mostrados em ratos machos”, disse a FDA.
A organização também argumenta que o mecanismo para o corante causar câncer em ratos não ocorre em humanos, portanto, esses estudos não levantaram preocupações de segurança. “Alegações de que o uso do FD&C Red No. 3 em alimentos e em medicamentos ingeridos coloca as pessoas em risco não são apoiadas pelas informações científicas disponíveis.”
Mesmo assim, a autorização para o uso do corante foi revogada, já que a lei americana proíbe a FDA de aprovar um aditivo de cor que seja ingerido se causar câncer em animais ou humanos quando ingerido. Além disso, cientistas e especialistas em saúde também argumentam que o componente pode causar muitos outros danos à saúde, como problemas no trato gastrointestinal, alergias e alterações comportamentais em crianças.
Por que o Corante Vermelho n°3 permanece liberado no Brasil?
O uso da eritrosina em produtos fabricados no Brasil é permitido pela Anvisa. Ao ser questionada sobre a posição do órgão após a decisão da FDA, a agência afirmou que a ocorrência de câncer em ratos ocorre devido à exposição de "altos níveis do corante" e por um mecanismo hormonal específico encontrado nesses animais. Porém, uma série de estudos realizados em humanos não demonstraram tais efeitos.
A Anvisa também baseia a sua decisão em uma avaliação de segurança realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em 2018. A análise foi feita por especialistas em aditivos alimentares e concluiu que a exposição em níveis moderados não representavam preocupação de saúde.
"As autorizações de uso de aditivos em alimentos e excipientes em medicamentos podem ser revistas a qualquer tempo, caso haja novas evidências que indiquem risco à saúde", completou a Anvisa em comunicado.
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