
Estudo mostra que pequenas porções de sobremesa após as refeições podem ajudar na perda de peso (Foto: Shutterstock)
O primeiro passo para quem deseja emagrecer com uma dieta de baixas calorias é cortar os doces. E esse é um dos principais desafios para quem é fã de sobremesas e guloseimas.
A boa notícia é que comer pequenas porções desses alimentos após as refeições está associado à maior perda ou manutenção de peso. Essa foi a descoberta de um estudo recente.
Pesquisadores em ciência alimentar e nutrição humana da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, afirmam que o consumo de sobremesa pode ser uma boa estratégia para controlar os desejos.
Comer doce após as refeições pode ajudar na perda de peso
Você ouviu a vida toda que os doces eram proibidos nas dietas de emagrecimento. Mas parece que essa ideia está mudando.
De acordo com Manabu T. Nakamura, professor de nutrição e um dos autores do estudo, os desejos são um grande problema para muitas pessoas que desejam perder peso.
"Se elas têm muitos desejos, é muito difícil perder peso. Mesmo quando conseguem controlar os desejos e perder peso, se os desejos voltarem, elas recuperam o peso", explica em comunicado.
O estudo publicado na revista Physiology & Behavior revelou que pessoas que incluíram os alimentos desejados em uma dieta equilibrada perderam mais peso ao longo de 12 meses do que as que não o fizeram.
Além disso, essas pessoas também mantiveram baixos níveis de desejo por esses alimentos durante o ano seguinte.
Relação entre a redução dos desejos e a maior perda de peso
Embora pesquisas anteriores mostrassem que os desejos alimentares diminuíam durante a perda de peso, ainda não se sabia se essa redução persistia após atingir a meta ou em tentativas de manter o peso.
Para investigar, pesquisadores recrutaram pacientes obesos com comorbidades, como hipertensão e diabetes, e os incluíram em um projeto maior que adaptava o Programa Individualizado de Melhoria Alimentar para um formato online, chamado EMPOWER.
O programa alimentar do estudo ensinava os participantes sobre nutrientes essenciais, promovendo escolhas alimentares mais conscientes e sustentáveis.
Eles utilizavam uma ferramenta de visualização de dados para monitorar proteínas, fibras e calorias, visando melhorar a nutrição e reduzir a ingestão calórica.
No primeiro ano, os participantes assistiram a 22 sessões online de educação nutricional, desenvolvidas por pesquisadores da universidade, que incluíam estratégias para controlar os desejos alimentares.
"Se você come e belisca aleatoriamente, é muito difícil controlar. Alguns programas alimentares excluem certos alimentos. Nosso plano utilizou uma 'estratégia de inclusão', na qual as pessoas incorporavam pequenas porções dos alimentos desejados em uma refeição bem balanceada", explica Nakamura.
Monitoramento dos desejos e resultados da perda de peso
A cada seis meses, os participantes do estudo preenchiam questionários sobre seus desejos por alimentos específicos, como comidas gordurosas, fast food, doces e carboidratos.
Além disso, avaliavam a frequência e intensidade desses desejos com base em uma escala de 1 (nunca) a 6 (sempre), respondendo a 15 afirmações relacionadas ao controle alimentar. A pontuação total indicava o nível de intensidade dos desejos.
Os participantes também se pesavam diariamente pela manhã, utilizando uma balança com Wi-Fi que enviava os dados aos pesquisadores.
- Dos 30 participantes iniciais, 24 completaram o primeiro ano e perderam, em média, 7,9% do peso corporal;
- 20 seguiram para a fase de manutenção, e, mesmo com alguma recuperação de peso, a perda média ao fim do segundo ano foi de 6,7%;
- Os que perderam mais de 5% do peso mostraram reduções consistentes na frequência e intensidade dos desejos, especialmente por doces e carboidratos;
- Já aqueles com menor perda de peso não apresentaram essa redução. Durante o ano de manutenção, os desejos permaneceram estabilizados.
A redução dos desejos está correlacionada à diminuição da gordura corporal
A descoberta a partir do estudo demonstra que a redução dos desejos das pessoas está correlacionada à diminuição da gordura corporal, e não ao balanço energético negativo da dieta.
"Isso basicamente desmascara a teoria da célula de gordura faminta, uma hipótese antiga de que as células de gordura ficam sem energia e desencadeiam desejos, fazendo com que quem está de dieta coma e, por fim, recupere o que perdeu", explica Nakamura.
Dos 24 participantes que completaram 12 meses de estudo, mais da metade usou a estratégia de incluir alimentos desejados na dieta para controlar os desejos.
Essa prática, adotada com diferentes frequências, resultou em maior perda de peso e em reduções significativas nos desejos por doces e alimentos gordurosos.
O professor de nutrição ressalta que a consistência é outra chave para controlar os desejos e o peso.
"O mito popular é que você precisa ter uma força de vontade muito forte para resistir à tentação, mas esse não é o caso. Flutuações nos padrões alimentares, horários e quantidades das refeições também desencadeiam desejos. Você precisa ser consistente", destaca.
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