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Pouco antes de se trancarem no conclave, os cardeais fizeram uma última coisa no Vaticano: farra de comida
Stephany MarianoPor  Stephany Mariano  | Redatora

Como uma verdadeira taurina, Stephany sempre foi apaixonada por comida. No tempo livre, gosta de assistir um k-drama bem clichê, viajar, experimentar novos sabores e fotografar tudo o que encontra por aí.

Antes de começar a votação para eleger um sucessor, muitos se lembrarão daquele último prato de lasanha em Roma

Pouco antes de se trancarem no conclave, os cardeais fizeram uma última coisa no Vaticano: farra de comida

O momento de aproveitar as deliciosas comidas antes do conclave começar (Créditos: Shutterstock)

O conclave que levará os cardeais à eleição do novo papa pode demorar. Ao olhar as votações antigas é possível ter uma ideia do que pode acontecer quando o isolamento começa. Um dos momentos mais marcantes, foi o conclave que anunciou Gregório X como papa, com uma reunião que durou quase três anos.

Na época, a demora fez com que eles tomassem medidas extremas para concluir a votação, como tirar o telhado e fechar as portas com tijolos para pressionar os cardeais. Nesse momento, o cardápio servido durante o conclave foi afetado, resultando em um racionamento de alimentos.

Essas alterações drásticas no cardápio não acontecem mais como antigamente, graças a uma mudança nas regras. Mas a alimentação ainda é organizada com muito rigor, o que faz com que os religiosos queiram aproveitar suas comidas favoritas ao máximo antes do isolamento, uma verdadeira farra gastronômica em Roma.

O que os cardeais comem?

Por mais de 750 anos, as refeições servidas durante os conclaves papais foram sujeitas a regras rígidas, a fim de garantir uma confidencialidade absoluta. Pode parecer apenas um detalhe de planejamento, mas alimentar 133 cardeais por dias, semanas ou anos é, na realidade, uma parte que também conta com todo um ritual, mantendo todo o sigilo possível.

Para evitar qualquer possível interferência externa, foi criado um sistema de controle que impede, por exemplo, servir bolos lacrados, frangos inteiros ou bebidas em recipientes opacos.

Antigamente, uma torta podia esconder uma mensagem codificada ou um guardanapo sujo podia levar notícias para o mundo exterior, o que explica o rigor com a alimentação dos religiosos confinados. Hoje, as preocupações estão mais voltadas para os dispositivos eletrônicos, mas o cuidado com a vigilância permanece.

Como foi a restrição alimentar no conclave que durou quase três anos?

A BBC informou que a origem dessas restrições vem lá de 1274, quando o Papa Gregório X, após sofrer o mais longo conclave da história, impôs regras rígidas para evitar a estagnação: isolamento absoluto e racionamento de alimentos.

Se depois de três dias não houvesse consenso, os cardeais receberiam apenas uma refeição por dia e, depois de oito dias, apenas pão e água. A essência de controle permanece, mas houve mudanças nas regras para evitar que isso aconteça novamente, já que a restrição alimentar resultou na morte de dois cardeais na época. A comida deixou de ser um privilégio e passou a fazer parte do ritual do confinamento.

Rigor e controle na alimentação

Hoje, para passar uma mensagem de sobriedade, em sintonia com o estilo do Papa Francisco, o cardápio dos religiosos será bem completo. Para o conclave, que começa no dia 7 de maio, as freiras da Casa de Santa Marta prepararão pratos da culinária italiana: minestrone, espaguete, arrosticini e legumes cozidos, por exemplo.

A cozinha continua sendo um lugar de risco potencial, e sua vigilância uma necessidade. Por todas essas razões, antes de entrar em reclusão, muitos cardeais se presenteiam com um último mimo em seus restaurantes romanos favoritos, como o Al Passetto di Borgo, a poucos metros da Basílica de São Pedro. Lá, alguns já têm pedidos famosos, como a lasanha e a lula grelhada.

Eles podem fazer uma última refeição deliciosa antes de mergulhar no conclave, onde cada mordida é observada e cada colherada medida. Esse contraste entre liberdade e controle, entre a agitação do refeitório romano e o silêncio do refeitório papal, não apenas define a transição para o isolamento, mas também destaca o peso simbólico da comida. A comida não pode ser uma distração, nem pode se tornar um veículo para influências externas.

A mesa do conclave, portanto, não é apenas um lugar para se alimentar, mas também de comunhão e segredo. Por isso, é bem provável que, enquanto se preparam para eleger um sucessor, os cardeais do conclave se lembrem daquele último prato de lasanha em Roma antes do isolamento.

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