
Estudo envolvendo mais de 100 mil brasileiras comprova os risco dos alimentos ultraprocessados para a saúde feminina (Foto: Shutterstock)
Mulheres que consomem mais alimentos ultraprocessados e menos alimentos in natura e minimamente processados, mais saudáveis, têm maior chance de desenvolverem doenças crônicas e uma percepção negativa da própria saúde.
Esse foi o resultado de um novo estudo publicado na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde por pesquisadores das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A pesquisa analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, coletados entre 2018 e 2021.
No total, 102.057 mulheres foram entrevistas nas capitais dos estados e no Distrito Federal sobre seus hábitos alimentares e doenças crônicas.
Regra de Ouro do Guia Alimentar foi usada como referência no estudo
Os pesquisadores avaliaram se a alimentação das participantes seguia a Regra de Ouro do Guia Alimentar para a População Brasileira, que prioriza os alimentos in natura ou minimamente processados como base de todas as refeições, como o mínimo uso de ultraprocessados.
As mulheres com alta adesão à Regra de Ouro do Guia, que seguem uma dieta mais saudável, apresentaram os seguintes resultados em comparação às mulheres de baixa adesão (que consomem mais ultraprocessados):
- 28% menor chance de apresentar obesidade,
- 15% menor chance de apresentar hipertensão,
- 31% menor chance de apresentar depressão
- 45% menor chance de uma autoavaliação negativa de saúde.
Já as mulheres com adesão moderada à Regra de Ouro do Guia apresentaram:
- 14% menor chance de apresentar obesidade;
- 28% menor chance de relatar uma percepção negativa da própria saúde em comparação com as mulheres com baixa adesão.
As desigualdades socioeconômicas de gênero impactam no acesso a alimentos saudáveis
O estudo mostrou que perfis alimentares variam conforme fatores socioeconômicos e demográficos. Mulheres mais jovens, negras ou pardas, com menor escolaridade e sem companheiro tendem a ter dietas menos saudáveis.
Por outro lado, mulheres mais velhas, com ensino superior e com companheiro seguem padrões alimentares mais saudáveis, conforme mostram os dados a seguir.
Grupo com alimentação menos saudável:
- Mulheres com menos de 35 anos;
- Escolaridade entre 9 e 11 anos;
- Autodeclaradas pretas ou pardas;
- Sem companheiro.
Grupo com maior adesão à Regra de Ouro do Guia Alimentar:
- Mulheres com mais de 50 anos;
- Escolaridade de nível superior;
- Com companheiro
Taciana Maia de Sousa, professora da UERJ e uma das autoras do trabalho, destaca que, embora as mulheres sejam frequentemente associadas a comportamentos mais saudáveis, "as disparidades socioeconômicas de gênero impactam negativamente a sua capacidade de acessar alimentos mais saudáveis devido aos menores níveis de renda dessa população".
E acrescenta que essa desigualdade agrava o risco de insegurança alimentar em famílias chefiadas por mulheres, que hoje representam mais da metade dos lares brasileiros.
Mudança no estilo de vida estimulou o crescimento de doenças crônicas
Usando dados coletados entre 2017 e 2021, nota-se que o Brasil presenciou um aumento na prevalência combinada de obesidade, diabetes e hipertensão entre mulheres. O que antes correspodia a 5,5%, passou para a marca de 9,6%.
"A redução do consumo de refeições tradicionais, incluindo o feijão, está diretamente ligada ao menor consumo de refeições em casa e ao aumento na ingestão de ultraprocessados e de refeições prontas”, observa.
O problema não se reduz às escolhas alimentares individuais
Para minimizar a presença de doenças crônicas em mulheres brasileiras, ela defende ações de incentivo à adesão a uma alimentação mais saudável.
"Políticas fiscais que reduzam impostos sobre alimentos in natura e minimamente processados, ao mesmo tempo em que aumentem a tributação sobre ultraprocessados e promovam a segurança alimentar são essenciais", ressalta.
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