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Os ultraprocessados e a saúde da mulher: novo estudo com mais de 100 mil brasileiras revela os impactos da alimentação rica em industrializados
Clarice MunizPor  Clarice Muniz  | Redatora

Sou jornalista e assessora de imprensa especializada em conteúdos de saúde e bem-estar. Adepta da comida de verdade, costumo preparar as minhas refeições diariamente, seguindo as recomendações de cuidados e saúde de especialistas. Sou fã de pimenta. Se você não curte comida picante, não se arrisque em tirar uma provinha da minha panela.

Pesquisa da UFMG e UERJ mostra os efeitos de uma alimentação baseada em alimentos in natura na redução de chance de obesidade, hipertensão e depressão

Os ultraprocessados e a saúde da mulher: novo estudo com mais de 100 mil brasileiras revela os impactos da alimentação rica em industrializados

Estudo envolvendo mais de 100 mil brasileiras comprova os risco dos alimentos ultraprocessados para a saúde feminina (Foto: Shutterstock) 

Mulheres que consomem mais alimentos ultraprocessados e menos alimentos in natura e minimamente processados, mais saudáveis, têm maior chance de desenvolverem doenças crônicas e uma percepção negativa da própria saúde.

Esse foi o resultado de um novo estudo publicado na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde por pesquisadores das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A pesquisa analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, coletados entre 2018 e 2021.

No total, 102.057 mulheres foram entrevistas nas capitais dos estados e no Distrito Federal sobre seus hábitos alimentares e doenças crônicas.

Regra de Ouro do Guia Alimentar foi usada como referência no estudo

Os pesquisadores avaliaram se a alimentação das participantes seguia a Regra de Ouro do Guia Alimentar para a População Brasileira, que prioriza os alimentos in natura ou minimamente processados como base de todas as refeições, como o mínimo uso de ultraprocessados.

As mulheres com alta adesão à Regra de Ouro do Guia, que seguem uma dieta mais saudável, apresentaram os seguintes resultados em comparação às mulheres de baixa adesão (que consomem mais ultraprocessados):

  • 28% menor chance de apresentar obesidade,
  • 15% menor chance de apresentar hipertensão,
  • 31% menor chance de apresentar depressão
  • 45% menor chance de uma autoavaliação negativa de saúde.

Já as mulheres com adesão moderada à Regra de Ouro do Guia apresentaram:

  • 14% menor chance de apresentar obesidade;
  • 28% menor chance de relatar uma percepção negativa da própria saúde em comparação com as mulheres com baixa adesão.

As desigualdades socioeconômicas de gênero impactam no acesso a alimentos saudáveis

O estudo mostrou que perfis alimentares variam conforme fatores socioeconômicos e demográficos. Mulheres mais jovens, negras ou pardas, com menor escolaridade e sem companheiro tendem a ter dietas menos saudáveis.

Por outro lado, mulheres mais velhas, com ensino superior e com companheiro seguem padrões alimentares mais saudáveis, conforme mostram os dados a seguir.

Grupo com alimentação menos saudável:

  • Mulheres com menos de 35 anos;
  • Escolaridade entre 9 e 11 anos;
  • Autodeclaradas pretas ou pardas;
  • Sem companheiro.

Grupo com maior adesão à Regra de Ouro do Guia Alimentar:

  • Mulheres com mais de 50 anos;
  • Escolaridade de nível superior;
  • Com companheiro

Taciana Maia de Sousa, professora da UERJ e uma das autoras do trabalho, destaca que, embora as mulheres sejam frequentemente associadas a comportamentos mais saudáveis, "as disparidades socioeconômicas de gênero impactam negativamente a sua capacidade de acessar alimentos mais saudáveis devido aos menores níveis de renda dessa população".

E acrescenta que essa desigualdade agrava o risco de insegurança alimentar em famílias chefiadas por mulheres, que hoje representam mais da metade dos lares brasileiros.

Mudança no estilo de vida estimulou o crescimento de doenças crônicas

Usando dados coletados entre 2017 e 2021, nota-se que o Brasil presenciou um aumento na prevalência combinada de obesidade, diabetes e hipertensão entre mulheres. O que antes correspodia a 5,5%, passou para a marca de 9,6%.

"A redução do consumo de refeições tradicionais, incluindo o feijão, está diretamente ligada ao menor consumo de refeições em casa e ao aumento na ingestão de ultraprocessados e de refeições prontas”, observa.

O problema não se reduz às escolhas alimentares individuais

Para minimizar a presença de doenças crônicas em mulheres brasileiras, ela defende ações de incentivo à adesão a uma alimentação mais saudável.

"Políticas fiscais que reduzam impostos sobre alimentos in natura e minimamente processados, ao mesmo tempo em que aumentem a tributação sobre ultraprocessados e promovam a segurança alimentar são essenciais", ressalta.

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