Afinal, café dá energia ou melhora a concentração? A ciência explica

Você já tomou uma xícara de café para espantar o sono e "acordar o cérebro"? Essa prática comum tem base científica.

A cafeína, principal substância ativa do café, é uma das drogas psicoativas mais consumidas no mundo — e seus efeitos sobre o desempenho mental e físico são amplamente documentados pela ciência.

Mas, afinal, o café dá mesmo energia ou apenas ajuda a melhorar a concentração? A resposta envolve ambos os efeitos, mas de formas diferentes.

O que a ciência já sabe sobre a cafeína

Dois estudos publicados na National Library of Medicine ajudam a entender como a cafeína age no organismo, tanto em pessoas descansadas quanto em indivíduos privados de sono.

A substância é considerada um psicoestimulante, agindo sobre os sistemas neuroendócrinos do cérebro, especialmente sobre neurotransmissores como a dopamina e a adenosina — esta última relacionada à sensação de fadiga.

Segundo as pesquisas, os efeitos mais consistentes da cafeína estão ligados:

À melhora da atenção e do estado de alerta, mesmo em baixas doses
Ao aumento do desempenho em tarefas cognitivas, como lógica, cálculos e tempo de reação
À redução da sonolência e confusão mental, especialmente em períodos de privação de sono
À elevação do humor e sensação de energia, ainda que com possível aumento leve de ansiedade
À estimulação da temperatura corporal e do sistema nervoso central, o que contribui para o estado de vigília

Um estudo específico demonstrou que doses mais elevadas (até 600 mg) foram eficazes em restaurar o desempenho cognitivo de pessoas acordadas por quase 49 horas.

Os resultados mostraram que a cafeína foi capaz de sustentar melhora por até 12 horas após a ingestão — um efeito comparável ao da anfetamina, embora menos intenso e mais curto.

Café dá energia mesmo?

Tecnicamente, a cafeína não fornece energia no sentido calórico — como os carboidratos, por exemplo. O que ela faz é bloquear a ação da adenosina, um neurotransmissor responsável por sinalizar cansaço no cérebro.

Ao impedir que a adenosina se ligue aos seus receptores, a cafeína prolonga a atividade neuronal e aumenta a liberação de outros neurotransmissores, como dopamina e norepinefrina.

O resultado prático disso é uma sensação de energia aumentada, mesmo sem um ganho real de calorias. Ou seja, você se sente mais disposto, mas não está de fato com mais "combustível" disponível — o que pode ser útil para tarefas que exigem atenção, mas perigoso se substituir o descanso necessário.

E quanto à concentração?

Aqui, os benefícios são ainda mais consistentes. O mesmo estudo com voluntários privados de sono avaliou diversas tarefas cognitivas e mostrou que a cafeína melhorou o desempenho em todas aquelas que exigiam:

Atenção focada e rápida (como tempo de reação)
Processamento matemático (como adições e subtrações seriadas)
Raciocínio lógico complexo

Esses resultados foram observados mesmo após longos períodos de vigília e com efeitos mantidos por horas.

Em resumo, a cafeína melhora a concentração de forma aguda e mensurável, o que justifica seu uso por estudantes, trabalhadores e profissionais que precisam manter o foco por longos períodos.

Como consumir cafeína com segurança?

Para a maioria dos adultos saudáveis, até 400 mg de cafeína por dia (o equivalente a cerca de quatro xícaras de café coado) é considerado seguro, segundo entidades como a FDA (Food and Drug Administration, dos EUA).

No entanto, a sensibilidade individual varia — e o ideal é ajustar o consumo conforme os sinais do corpo.