Como saber se um restaurante é bom? Na maioria das vezes, dependemos de recomendações, seja de um amigo que foi antes ou de avaliações do público em sites especializados. Uma maneira infalível de saber se um restaurante é bom é através de recomendações profissionais, como o Guia Michelin que voltou ao Brasil em 2024 e entregou as desejadas estrelas a 21 restaurantes entre Rio e São Paulo, e o The World's 50 Best Restaurants que colocou 2 restaurantes brasileiros entre os 50 melhores de todo o planeta.
O método do Guia Michelin para entregar as estrelas é conhecido há décadas e não existe um limite para quantos restaurantes no mundo podem ter a condecoração, mesmo que ter 3 estrelas seja raro e não exista no Brasil. Mas e o 50 Best? Quem está por trás desse ranking menos conhecido, mas muito respeitado entre os profissionais e amantes da gastronomia? Descubra no TudoGostoso como a organização do The World's 50 Best funciona para ser capaz de ranquear restaurantes de todo o mundo e eleger os 50 melhores.
Como o The World's 50 Best funciona?
O The World's 50 Best Restaurants surgiu em 2002 como uma lista de restaurantes em uma revista britânica. A lista ficou famosa como uma das primeiras a envolver de fato restaurantes de vários países em todo o mundo. A credibilidade da organização é principalmente pela capacidade de avaliar tantos lugares em um mesmo ranking, através da avaliação de mais de mil avaliadores especialistas em todo o mundo, que fazem parte da academia do 50 Best. Os resultados também são certificados por uma empresa independente.
Hoje o 50 Best tem uma edição anual com os melhores restaurantes do mundo, mas, ao longo do ano, também saem listas com os melhores por região, como Ásia, Europa e América Latina. Toda edição da lista é anunciada com uma cerimônia de premiação, e já teve até edição no Brasil para anunciar os melhores da América Latina de 2023 no Rio de Janeiro.
Apesar do nome, as classificações do 50 Best são em forma de lista com até 100 indicados, mas o 51º ao 100º costumam ser anunciados apenas nas redes sociais. O 1º lugar do The World’s 50 Best Restaurant ainda entra em outra lista, o “Best of the Best” e não pode concorrer em outros anos para dar oportunidade a outros restaurantes nessa seleta lista.
Também existem outros prêmios, como listas de 50 melhores bares e melhores hotéis, que tem até um brasileiro no ranking, e destaques para pessoas como a chef Janaína Torres, d’A Casa do Porco, eleita melhor chef feminina, e o chef João Diamante, um dos indicados do “Campeões da Mudança” para chefs com projetos sociais que devolvem o que podem para a sociedade.
Quem vota no The World's 50 Best?
O The World’s 50 Best conta com um corpo de 1080 especialistas que votam nos estabelecimentos que eles acreditam merecer um lugar na lista. Todas as pessoas são anônimas, assim como acontece no Guia Michelin, mas tem regras rígidas para garantir que o resultado seja o mais imparcial possível. Esses 1080 indivíduos são divididos igualmente entre homens e mulheres. Todos são especialistas em restaurantes e gastronomia, sendo 1/3 de chefs e profissionais de restaurantes, 1/3 de críticos de gastronomia e 1/3 de pessoas com experiência em exploram a gastronomia mundial.
Todos devem ter visitado o restaurante que votou nos últimos 18 meses, então não podem votar todos os anos no mesmo restaurante tendo só visitado uma vez. Também é proibido votar em um restaurante em que trabalhe. Cada um tem direito a votar em até 10 restaurantes, em ordem de preferência, mas só 6 podem ser da região que vivem. Os outros 4 votos devem ser de restaurantes de outros países. Se não tiver como viajar, ainda pode participar, mas só com até 6 votos. Para ter sempre renovação, 25% da academia de eleitores é trocada anualmente.
Os membros da academia de eleitores do 50 Best são de todo o mundo e são organizados em 27 regiões dependendo do local geográfico. O Brasil tem uma organização própria e a presidente do representante no Brasil é Rosa Moraes, responsável pelo primeiro curso de artes culinárias no Brasil nos anos 90 e colunista de gastronomia da Vogue Brasil.
O que um restaurante precisa ter para ficar entre os melhores?
O sistema de votação é rígido, mas os critérios para um restaurante ser escolhido pelos integrantes do 50 Best são bem mais subjetivos do que o Guia Michelin, por exemplo. Não existem critérios certos, como tipo de comida, preço dos pratos ou quantidade de técnicas, e nem precisam estar funcionando há um certo período de tempo. Os 1080 profissionais podem votar com a sua própria percepção do que é comida boa, já que é o conjunto dos votos que forma os resultados.
Restaurantes não podem se inscrever ou pedir visita dos membros da academia, todos os participantes entram naturalmente pela relevância local, e a escolha de visitação depende de cada um dos 1080 jurados. Isso é feito para dar liberdade para os votantes. Segundo o próprio 50 Best em seu site, “nós instigamos os restaurantes a simplesmente serem o melhor que podem para seus clientes em primeiro lugar e a não se concentrarem em classificações ou prêmios, mas a vê-los como produto do seu trabalho árduo”.
Por causa disso, alguns chefs até valorizam mais uma indicação no 50 Best do que uma estrela Michelin. Além de ser um feito raro ficar entre os 50 melhores restaurantes de todo o mundo, o método de avaliação deixa o resultado mais recompensador. Segundo a chef confeiteira Jéssica Costa, "os dois prêmios são relevantes, mas hoje em dia é comum um restaurante se adaptar para chamar atenção dos critérios do Guia Michelin, mas ninguém muda o restaurante por causa do 50 Best, então estabelecimentos mais diferenciados têm mais espaço.”
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