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O azeite enfrenta outro obstáculo: oliveiras superintensivas podem mudar tudo, mas nem todas as notícias são boas

Essa oliveiras poderosas já estão mudando a paisagem na Espanha e esse é apenas o começo

O azeite enfrenta outro obstáculo: oliveiras superintensivas podem mudar tudo, mas nem todas as notícias são boas

Essa nova forma de plantar oliveiras rende mais azeitonas, mas tem um grande porém (Créditos: Shutterstock)

Onde antes havia campos de algodão, girassol, trigo ou beterraba e outros vegetais e temperos fresquinhos, agora há fileiras e mais fileiras de pequenas oliveiras juntas. A paisagem de algumas regiões da Espanha, segundo especialistas, mudou radicalmente e é o melhor exemplo de como as práticas das chamadas plantações superintensivas estão corroendo o grande símbolo do campo espanhol: a oliveira.

O que é uma “oliveira superintensiva”? Nas últimas décadas, conforme explica o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação da Espanha, uma das obsessões dos grandes produtores de azeite tem sido encontrar soluções para “reduzir os elevados custos de colheita e otimizar o aproveitamento da área de plantio” como forma de combater os preços altos do azeite nos últimos anos.

A Espanha é uma potência internacional no mundo do azeite e tem o azeite mais saudável do mundo, mas (por razões históricas) o cultivo da azeitona é ineficiente. Isto significa, acima de tudo, que uma pequena melhoria na eficiência ou na produtividade poderia gerar grandes mudanças e a produção de azeitona e de azeite poderia disparar. Veja como isso seria possível e o lado bom e ruim das oliveiras superintensivas

O que são as oliveiras superintensivas?

A pergunta que essas pessoas que buscam eficiência se colocaram foi: como conseguir uma oliveira superintensiva? E a resposta foi encontrada no cultivo de outras plantas. Especificamente, no cultivo em treliça. A técnica, em linhas gerais, consiste em plantar mudas de oliveira em fileiras com menos de dois metros de distância, com a ideia de atingir uma densidade de cerca de 2000 a 2500 árvores por hectare.

Conforme explica o MAPA, com essa técnica em poucos anos consegue-se a formação do olival completo e, a partir daí, a plantação oferece todo o tipo de vantagens: desde a colheita em pouco tempo (apenas 2,5 horas por hectare) com custos reduzidos até maior produção por hectare.

Na verdade, essa é uma das coisas que explica porque o cenário dos campos espanhóis está mudando tão radicalmente. A área do interior da Espanha tem sido historicamente uma região onde se destacou a variação de azeitona Gordal. Esse tipo de azeitona é muito apreciado nas cozinhas, mas é muito caro de colher porque é preciso ter cuidado para garantir que a polpa não se danifique, então ainda requer uma colheita muito artesanal.

É, portanto, uma região onde o crescimento da produtividade associado ao olival superintensivo é muito mais desejado. Isso, depois de alguns anos tão difíceis de preços elevados como os que temos atravessado, é o que tem impulsionado hectares e hectares desta nova forma de cultivar a oliveira.

O lado negativo das oliveiras superintensivas

Mas nem tudo são flores. Porque, como costuma acontecer com abordagens superintensivas, por trás de todas essas boas notícias também existem problemas. Acima de tudo, no médio prazo. A produção incrível no começo tende a diminuir com o passar dos anos devido à “dificuldade de manter o vigor constante em todas as árvores da plantação”.

À medida que as árvores crescem, geram-se ainda dois problemas: o crescimento desproporcional “implica falta de iluminação nas árvores, o que está associado a uma queda no desempenho” e, como se não bastasse, árvores maiores significam custos mais elevados porque dificultam a passagem das colheitadeiras por entre as árvores.

Uma aposta para o curto prazo? Com toda a honestidade, não necessariamente. São métodos de cultivo que apresentam complicações de manejo, é verdade, mas, se bem executados, até podem ter uma vida longa e produtiva. O problema, conforme falam os especialistas, é ver cada centímetro no campo como espaço útil para plantio e uma área de potencial exploração.

É a versão de azeitonas do que temos visto nos últimos anos em vários locais pela Espanha: práticas muito agressivas de plantio que transformam todo o território em uma “mercadoria”. As empresas chegam, exploram intensamente a terra, esgotam-na e vão para outro lugar. É isso que pode acontecer ao nos apoiarmos demais nas oliveiras superintensivas.

E mais uma vez vemos o quanto estamos atrasados ​​no desenvolvimento de um modelo futuro de cultivo eficiente e sustentável para um setor que está a caminho de uma das grandes transformações industriais deste século. E estamos pagando caro por esse atraso.

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