
Estudo sugere que o hábito de comer iogurte pode prevenir o câncer de intestino (Foto: Shutterstock)
O iogurte está entre os alimentos mais recomendado pelos especialistas a fazer parte de uma dieta saudável devido aos seus importantes benefícios. Nenhum sacrifício para quem admira o sabor e a textura de um bom iogurte natural.
Dentre os efeitos mais valiosos está a sua ação no equilíbrio da flora intestinal, além do suporte no fortalecimento dos ossos por ser fonte de cálcio e por dar saciedade graças à alta concentração de proteína.
Mas os benefícios deste alimento - que você consegue preparar em casa - podem ser ainda melhor! Um estudo recente sugere que adicionar este alimento à dieta regularmente pode reduzir o risco de câncer de intestino. Entenda os motivos.
Estudo aponta os efeitos do consumo do iogurte no intestino
O estudo, publicado na revista científica Gut Microbes, aponta que o consumo de iogurte pode prevenir contra o câncer colorretal devido a mudanças no microbioma intestinal.
Pesquisadores do Mass General Brigham, em Massachusetts, nos Estados Unidos, usaram dados de estudos que acompanharam participantes por décadas.
Eles observaram que o consumo de duas ou mais porções de iogurte por semana, a longo prazo, estava associado a menores taxas de câncer colorretal positivo para Bifidobacterium (bactéria encontrada no iogurte).
O grupo percebeu que essa espécie de bactéria estava presente no tecido tumoral de cerca de 30% dos pacientes com esse tipo de câncer.
"Nosso estudo fornece evidências únicas sobre o benefício potencial do iogurte", afirma Shuji Ogino, autor do estudo e chefe do Programa em Epidemiologia Patológica Molecular no Departamento de Patologia do Brigham and Women’s Hospital, em comunicado à imprensa.
"A abordagem é tentar vincular dietas de longo prazo e outras exposições a uma possível diferença fundamental no tecido, como a presença ou ausência de uma espécie específica de bactéria. Esse tipo de trabalho pode aumentar a força das evidências que conectam a dieta aos resultados de saúde", acrescenta.
Entenda como esse estudo foi conduzido
Os pesquisadores usaram dados de dois estudos de coorte prospectivos nos EUA: o Nurses’ Health Study (NHS) e Health Professionals Follow-up Study (HPFS).
Os estudos contabilizaram, no total, mais de 100.000 enfermeiras registradas e 51.000 profissionais de saúde do sexo masculino, respectivamente.
O período de acompanhamento dos participantes foi de 1976 para o NHS e 1986 para o HFPS, respondendo a questionários repetidos sobre fatores de estilo de vida e resultados de doenças.
Dentre as perguntas, uma delas se referia sobre a ingestão média diária de iogurte natural e saborizado, assim como outros laticínios.
Os pesquisadores também analisaram amostras de tecido de participantes com casos confirmados de câncer colorretal, medindo a quantidade de DNA de Bifidobacterium no tecido tumoral.
Foram documentados 3.079 casos de câncer colorretal nas duas populações do estudo: em 1.121 casos, estavam disponíveis informações sobre Bifidobacterium.
- Entre eles, 346 casos (31%) eram positivos para a bactéria;
- Já 775 casos (69%) eram negativos.
Efeito protetor do iogurte pode ser específico para tumores Bifidobacterium-positivos
Os pesquisadores não observaram uma associação significativa entre a ingestão de iogurte a longo prazo e a incidência geral de câncer colorretal.
O que se notou foi uma associação em tumores Bifidobacterium-positivos, com uma taxa de incidência 20% menor para participantes que consumiram duas ou mais porções de iogurte por semana.
A taxa menor foi motivada pela menor incidência de câncer de cólon proximal Bifidobacterium-positivo (tipo de câncer colorretal que acomete o lado direito do cólon).
Conforme mostram alguns estudos, pacientes com câncer de cólon proximal têm uma sobrevida menor do que pacientes com cânceres distais.
"Há muito tempo acredita-se que iogurte e outros produtos lácteos fermentados são benéficos para a saúde gastrointestinal", afirma o coautor sênior do estudo Tomotaka Ugai.
"Nossas novas descobertas sugerem que esse efeito protetor pode ser específico para tumores Bifidobacterium-positivos", ressalta ele.
Relação entre dieta, microbioma intestinal e risco de câncer colorretal
No entanto, os pesquisadores observam que ainda são necessárias mais pesquisas para reforçar os achados e alcançar uma conclusão definitiva.
"Este artigo se soma à crescente evidência que ilustra a conexão entre dieta, microbioma intestinal e risco de câncer colorretal", afirma Andrew T. Chan, coautor do estudo.
"Ele fornece uma via adicional para investigarmos o papel específico desses fatores no risco de câncer colorretal entre jovens", acrescenta.
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