
Os microrganismos presentes no intestino têm forte influência na saúde geral (Foto: Shutterstock)
Um dos assuntos mais falados nas redes sociais entre os especialistas em nutrição é a importância da microbiota intestinal para a saúde do intestino. Você certamente já se deparou com algum vídeo com essa abordagem. Mas do que se trata esse tal de microbioma?
Para entender melhor as orientações disseminadas por nutricionistas e profissionais de saúde na internet, você precisa conhecer melhor o seu intestino e saber que diante dos inúmeros microrganismos presentes no corpo, cerca de trilhões deles habitam esse órgão.
São bactérias, fungos, protozoários e milhares de espécies de vírus assumindo papéis fundamentais para a saúde humana. São eles que formam a microbiota intestinal! Saiba mais a seguir.
O que você precisa saber sobre a microbiota intestinal
Esse microrganismos compõem um ecossistema altamente diversificado de acordo com nossos hábitos de vida, como alimentação, sono, saúde mental e prática de atividade física, considerados os quatro principais moduladores da microbiota intestinal.
Alessandro Silveira, consultor de microbiologia clínica e molecular da Dasa Genômica e professor na Universidade Regional de Blumenau (Furb), afirma ainda que, além de ser afetada pelos nossos hábitos, a composição da microbiota intestinal é influenciada pela genética.
O seja, cada indivíduo tem uma microbiota única, suscetível a variações conforme o estilo de vida.
Qual a diferença entre microbiota ou flora intestinal?
O termo "flora intestinal" é bastante conhecido e foi propagado ao longo do tempo por especialistas e fabricantes de produtos voltados para a saúde intestinal. Será que existe diferença entre a flora intestinal e microbiota intestinal?
O especialista explica: "Flora intestinal é um termo histórico, que a gente sempre utilizou para descrever essa comunidade de microrganismos que colonizam o nosso intestino."
Ele acrescenta que o uso do termo ‘microbiota’ se refere ao conjunto de microrganismos, já ‘microbioma’ se refere aos genes dessa população microbiana.
Desta forma, "microbiota intestinal" é um termo mais atualizado e mais adequado, porém não anula o uso também correto de "flora intestinal".
Saiba qual é a função da microbiota intestinal
Uma das funções da microbiota intestinal é auxiliar na digestão. Os microrganismos que vivem no intestino digerem substâncias que não conseguiríamos absorver, mas também ajudam a destruir substâncias potencialmente agressivas à mucosa intestinal, e aí entram os alimentos considerados maléficos para a saúde intestinal.
E atuação dos microrganismos, ainda que habitem o intestino, também envolve outra área do corpo: a comunicação entre o intestino e o cérebro, por exemplo, é bastante influenciada pela microbiota.
"Há alguns neurotransmissores que são produzidos majoritariamente pelas bactérias intestinais", explica o especialista, citando a dopamina, atrelada ao prazer; a serotonina, ligada à felicidade, e do GABA, relacionado à ansiedade.
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Fator nutricional: a microbiota intestinal também é importante porque sintetiza vitaminas, como as do complexo B e do complexo K, e aminoácidos.
- Papel de defesa: os microrganismos funcionam ainda como uma barreira de proteção da mucosa intestinal e apresentam substâncias para as células imunes especializadas. A ciência sugere que eles são úteis enquanto estratégia no combate a algumas doenças, como a infecção causada pelo Sars-CoV-2.
Importância da microbiota intestinal
Muitos dos microrganismos presentes na microbiota são benéficos para o nosso corpo, mas há uma menor quantidade de patogênicos, que podem ser prejudiciais à saúde. Se estiverem em equilíbrio, os dois tipos convivem bem.
O que acontece quando a microbiota intestinal está equilibrada? Ela ajuda no bom funcionamento do organismo, como:
- Funções digestivas;
- Imunológicas;
- Neurológicas;
- Nutricionais.
Mas quando há uma disbiose intestinal, ou seja, um desequilíbrio da microbiota, esses mecanismos podem ser prejudicados.
A disbiose pode ser causada por vários motivos, envolvendo estresse, sedentarismo, baixa qualidade do sono e elevado consumo de alimentos ultraprocessados e/ou ricos em açúcares favorecem o desequilíbrio da microbiota.
Infecções, quimioterapia, doenças autoimunes e hepáticas e uso de determinados medicamentos também podem contribuir para essa condição.
Quando uma pessoa tem disbiose, ela sofre um quadro chamado intestino vazado (leaky gut), que é marcada pelo aumento da permeabilidade intestinal. Ela faz com que substâncias inadequadas cheguem até a corrente sanguínea, desenvolvendo uma resposta inflamatória.
"Esse processo é silencioso e, apesar de ser de baixo grau, é crônico. Essa inflamação crônica pode estar associada a aumento da resistência periférica à insulina, esteatose hepática, obesidade e maior suscetibilidade a infecções", explica o especialista.
Inclua esses hábitos à rotina para melhorar a microbiota intestinal
A composição da microbiota intestinal é dinâmica. Diversos fatores individuais influenciam essas mudanças ao longo do tempo. Por isso, é tão importante incluir hábitos saudáveis à rotina para manter o equilíbrio.
"As quatro características básicas de uma pessoa com uma microbiota intestinal adequada são: sono de qualidade, prática regular de atividades físicas, manejo do estresse e alimentação saudável, natural e diversificada", destaca Silveira.
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Sono de qualidade: é aquele reparador, que acontece à noite. No geral, adultos precisam de 7 a 9 horas de sono, segundo a Associação Brasileira do Sono.
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Atividades físicas: o Ministério da Saúde recomenda 150 minutos de atividades físicas de intensidade moderada por semana para adultos.
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Alimentação saudável: trata-se de uma dieta balanceada, incluindo alimentos in natura ou minimamente processados, com um cardápio diversificado. O ideal é limitar os aditivos alimentares, agrotóxicos, processados e ultraprocessados, conforme recomenda o Ministério da Saúde.
- Saúde mental: esse fator é um processo mais individual e diz respeito à importância de respeitar os seus limites para evitar o estresse crônico, priorizar atividades que fazem bem para o seu bem-estar e, se achar necessário, buscar ajuda profissional.
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