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Guia dos vinhos: dicas para decifrar o rótulo como um especialista e não cair em furada ao comprar a bebida

O rótulo do vinho tem informações fundamentais que ajudam você a escolher a bebida que mais se adéqua ao seu paladar

Guia dos vinhos: dicas para decifrar o rótulo como um especialista e não cair em furada ao comprar a bebida

Prestar atenção em informações cruciais no rótulo ajuda você a escolher um vinho bom sem provar (Créditos: Shutterstock)

Dizem para não julgar um livro pela capa, mas quando o assunto é vinho devemos sim julgar pelo rótulo. Não é sobre avaliar a estética dos desenhos e das letras, mas de entender onde encontrar as informações cruciais para escolher um vinho bom e barato. Assim dá para comprar um vinho novo que se encaixe no seu paladar sem nem precisar provar. Como algumas dicas, até um enófilo amador consegue ver além dos mitos sobre vinhos e escolher os melhores rótulos do mercado sem gastar uma fortuna e nem cair em furada. Aprenda no TudoGostoso os truques para decifrar o rótulo do vinho como um verdadeiro especialista.

O que você precisa saber ao olhar o rótulo de um vinho?

Confira abaixo as principais informações nos rótulos da bebida alcoólica à base da fermentação da uva e o que elas significam.

Rótulo e o contrarrótulo

Toda garrafa de vinho tem duas etiquetas como rótulos, uma na frente, o rótulo, e outra atrás, o contrarrótulo. Saber onde fica cada informação ajuda a saber onde procurar para não ficar perdido. O rótulo da frente tem as informações principais e mais amplas, como nome do vinho, produtor, variação da bebida, quantidade de vinho e porcentagem alcoólico.

Já o contrarrótulo tem as famosas letrinhas miúdas de qualquer produto, que no caso do vinho inclui a composição detalhada, informações do produtor, local da produção das uvas e da bebida e, caso seja de fora, o nome do importador.

Nome do vinho e do produtor

Logo uma das primeiras informações que vemos ao pegar uma garrafa de vinho é o nome do produto e de seu produtor. Se a princípio esses simples nomes podem não significar muito, vale a pena prestar atenção para entender a sua identidade. Caso tenha provado um vinho e gostado, tem boas chances de outro produto da mesma origem também agradar.

Além disso, tem vinícolas renomadas pela qualidade e que já receberam prêmios pelos produtos e até pela vinícola como um todo. Bons exemplos são Domaine Leroy da França, sempre entre as melhores do mundo, Catena Zapata da Argentina, eleita melhor vinícola de 2023 e a Casa Valduga do Brasil, destaque no cenário do vinho nacional.

Conhecer os melhores produtores de vinho do mercado ajuda a fazer boas escolhas (Créditos: Shutterstock)

Conhecer os melhores produtores de vinho do mercado ajuda a fazer boas escolhas (Créditos: Shutterstock)

Tipo de vinho

É nessa parte que o rótulo informa se a bebida se trata de um vinho tinto, branco, rosé e espumante. Mas não fique achando que só tem informação “óbvia” que a própria garrafa revela. Entre os vinhos sem gás a principal classificação é em relação ao dulçor. O vinho seco tem no máximo 4 gramas de açúcar residual por litro. O vinho doce, ou suave, tem mais de 25g/L.

Já o meio seco, ou demi-sec, pode ficar em qualquer quantidade entre esses dois, desde quase seco até mais adocicado. Neste caso é importante conferir o contrarrótulo para a quantidade exata. Os espumantes têm seus próprios nomes de acordo com o dulçor: nature, extra-brut, brut, sec, demi-sec e doce, indo desde menos de 3g/L até mais de 60g/L.

Método de elaboração do espumante

No caso dos espumantes, o seu tipo também revela o seu método de elaboração. Um espumante tem dois métodos principais, o tradicional e o Charmat. O tradicional precisa de meses de produção e por isso tem aromas e sabores mais marcantes com toques de fermento e madeira. O Charmat fica pronto em questão de dias, o que deixa ele mais suave e floral, além de ser mais barato.

Além disso, a bebida só é realmente um espumante quando é feito com duas fermentações para dar álcool e gás, o que gera também mais espuma. Quando a fermentação do açúcar em álcool é interrompida antes vira o moscatel, que acaba sendo também mais doce. Quando ele tem menos gás, muitas vezes com uso de gás carbônico, vira o frisante.

Graduação alcoólica

A graduação alcoólica nada mais é do que a porcentagem de álcool. Esse teor varia de acordo com o tipo de uva, quando foi colhida, tempo de fermentação e tipo de produção, podendo variar de uma safra para outra. A regra geral é que, quanto mais alcoólico, mais encorpado, característica comum nos que beiram os 15% de álcool. Dependendo do país, os limites de mínimo e máximo podem variar.

A média costuma ficar entre 10% e 15%, mas no Brasil é possível achar versões mais suaves com apenas 7% de teor alcoólico. Já o vinho do Porto é famoso por ter até 20% por causa da aguardente vínica que adicionam. Tem ainda o vinho licoroso, uma variação de vinho tinto com uvas mais doces com teor entre 14% e 18% que pode ser seco (menos de 20g/L) ou doce (mais de 20g/L).

Vinho do velho ou novo mundo

Já ouviu falar de vinho do “Velho Mundo” e do “Novo Mundo”? Os nomes separam os países pela sua tradição, com o Velho Mundo tendo séculos ou milênios de história. Os vinhos do Velho Mundo, muitos da Europa, especificam a origem das uvas e da produção. Por lá, ainda mais na França, é comum ver a palavra “terroir” nos rótulos que indicam as condições climáticas da vinícola. Também é normal ter a Denominação ou Apelação de Origem Controlada (DOC ou AOC) ou similar, que indica um certo conjunto de uvas ou métodos de preparo.

Caso seja fã de vinhos europeus, você pode se guiar pelos AOCs que mais gostar para provar novas vinícolas e até compará-las. No Novo Mundo, a exemplo dos vinhos das Américas, os rótulos são propositalmente mais simples e preferem indicar o tipo de uva direto em vez de colocar uma Denominação que precisa de conhecimento prévio.

Rótulos de vinhos europeus são bem mais complexos do que os brasileiros e latinos (Créditos: Shutterstock)

Rótulos de vinhos europeus são bem mais complexos do que os brasileiros e latinos (Créditos: Shutterstock)

Região de origem

A região de origem tem relação não só com o país como com a localização específica, que pode indicar até a qualidade por ter um clima e solo mais adequados para cultivo das melhores uvas. No Brasil, por exemplo, temos o Vale dos Vinhedos na Serra Gaúcha, a Serra da Mantiqueira e o Vale do São Francisco como locais que concentram boas uvas e vinhos.

A França tem as regiões de Bordeaux com vinhos tintos, Champagne com espumantes e Borgonha, a Itália tem Toscana, Veneto e Piemonte e Portugal tem foco em Alentejo e Douro produzindo o vinho do Porto. Na América Latina, o Chile tem o Valle Central como principal região e a Argentina tem destaque em Mendoza. E uma dica: quanto mais detalham o local de origem da uva no rótulo, mais sofisticado e caro costuma ser.

Tipo de uva

Vinhos podem ser feitos tanto com um tipo de uva, sendo chamado de Varietal, ou com uma mescla de vários tipos, podendo ser Corte, Blent ou Assemblage dependendo do país. Em relação a variedade de uva, existem várias de qualidade pelo mundo, mas o segredo é associar a uva ao local, já que é algo simples como o solo ou o clima podem funcionar melhor ou pior para uma plantação.

No Brasil, as mais indicadas e produzidas são a Cabernet Sauvignon e a Merlot, curiosamente também as que são destaque na região de Bordeaux, na França. Na Argentina, os melhores vinhos são feitos com a Malbec. Na Itália, o Sangiovese é o principal tipo e os vinhos do porto de Portugal usam variações como TintaRoriz e Touriga Nacional. Quando falamos de vinho branco, quem comanda o cenário mundial das uvas brancas é a Chardonnay, mas a Sauvignon Blanc também é famosa por seu sabor mais leve.

Safra

Vinho não tem data de validade, mas o ano de colheita das uvas pode dizer muito sobre ele. Tem gente que acredita que quanto mais velho o vinho, melhor. E embora realmente tenham safras antigas deliciosas e raras (e também muito caras), isso não significa que vinhos novos são ruins. Existem muitos bons vinhos tintos para consumo logo de cara, chamados de vinhos jovens com seu aroma mais suave e delicado.

Já os vinhos brancos ou rosé são melhores “frescos”, consumidos em no máximo 3 anos. E tem ainda alguns que nem safra tem pois usam uvas de anos diferentes na composição. Por isso, não precisa olhar torto para vinhos com datas de anos recentes, eles podem ser tão bons quanto os mais antigos e ainda saírem mais em conta.

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