Consumir bebida alcoólica em grandes quantidades afeta o cérebro a longo prazo (Créditos: Shutterstock)
Consumir bebidas alcoólicas como cerveja, cachaça, vinho e drink alcoólico é um hábito que muita gente tem, seja em uma social com amigos, um happy hour ou só para curtir o dia de folga. Em pequenas doses a bebida não traz tantos problemas, mas um consumo elevado pode ser sinal de alerta. Estudos recentes mostram inclusive que as consequências têm longo prazo e vão muito além da ressaca do dia seguinte. Entenda no TudoGostoso o que o consumo álcool faz no nosso cérebro e quanto tempo sóbrio é necessário para se recuperar dos efeitos da bebida.
Quais os efeitos do álcool no cérebro?
O álcool causa mais efeitos no cérebro do que uma simples dor de cabeça no dia seguinte. Se no momento ela causa euforia e animação, beber afeta outras áreas do cérebro, em particular o córtex cerebral, a nossa massa cinzenta que é responsável pela cognição, tomada de decisões, entre outros. Por isso que quem está bêbado pode ficar com fala arrastada, ter um baixo tempo de reação e não lembrar de nada no dia seguinte.
Só que mesmo quando parece que o pior já passou, parte desses efeitos continua e quem consome muito álcool passa a ter efeitos a longo prazo. Estudos já mostraram que o álcool em excesso faz a camada externa do córtex pré-frontal afinar e ficar menos ativo. Isso afeta a memória, a atenção e a capacidade de julgamento e de tomar decisões. Por isso que muita gente com casos severos de alcoolismo tem dificuldade de decidir parar de beber.
É importante dizer que esses efeitos estão presentes em quem consome quantidades elevadas de álcool e com frequência. Beber uma ou outra taça ou dose socialmente ou em ocasiões especiais não causa tantos problemas já que o córtex consegue se recuperar entre um momento e o outro.
Quanto tempo leva para o cérebro se recuperar de efeitos?
Felizmente, os efeitos não são permanentes e até quem sofre de alcoolismo há um bom tempo pode mudar a situação. Um novo estudo realizado na Universidade de Stanford liderado pelo psiquiatra e cientista comportamental Timothy Durazzo revelou que as pessoas que sofrem do problema e conseguem parar de beber também conseguem reverter o desgaste da massa cinzenta. Aos poucos o córtex ganha mais espessura e depois de pouco mais de 7 meses já voltam a ter a espessura normal igual a de uma pessoa que não bebe.
O estudo revelou que a maior melhora acontece de imediato, sendo mais acentuada na primeira semana e no primeiro mês e mais lenta, mas sempre avançando, nos meses seguintes. Com a recuperação do córtex cerebral, após um mês a pessoa já sente mais controle sobre a saúde e facilidade para cumprir metas. Por outro lado, pessoas que sofrem com outros problemas como pressão alta, colesterol alto ou tabagismo demoraram mais para se recuperarem.
Para quem tem dificuldade de largar a bebida 100%, a boa notícia é que outro estudo do mesmo pesquisador revelou que reduzir o consumo de álcool já ajuda na recuperação. Pessoas que consomem menos de uma dose, que é equivalente a 350ml de cerveja, 150ml de vinho ou 45ml de destilados, têm um córtex que se assemelha mais ao de uma pessoa sóbria do que os que consomem mais de uma dose.
Vale lembrar também que o consumo excessivo de álcool afeta outras partes do corpo, como o fígado e o coração. Estudos também mostraram melhoras nessas áreas depois de um mês sem a bebida. O maior impacto acontece em quem bebe grandes quantidades que, depois de parar, experimentam alívio no fígado, melhora no sono, no funcionamento do cérebro e no bem estar, e podem até ter perda de peso. Os riscos de doenças cardiovasculares e de câncer também se reduzem após um mês de abstinência. Ou seja, nunca é tarde para mudar hábitos e vale sempre seguir a parcimônia.
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