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Verdade revelada: novo estudo estima quanto tempo de vida saudável é perdido quando comemos mal
Clarice MunizPor  Clarice Muniz  | Redatora

Sou jornalista e assessora de imprensa especializada em conteúdos de saúde e bem-estar. Adepta da comida de verdade, costumo preparar as minhas refeições diariamente, seguindo as recomendações de cuidados e saúde de especialistas. Sou fã de pimenta. Se você não curte comida picante, não se arrisque em tirar uma provinha da minha panela.

Verdade revelada: novo estudo estima quanto tempo de vida saudável é perdido quando comemos mal

Você consegue imaginar quanto tempo de vida saudável está perdendo cada vez que opta por se alimentar mal? Um estudo da USP pode te ajudar com essa resposta.

Os pesquisadores estimaram o impacto de 33 alimentos mais populares no Brasil para a saúde e o meio ambiente. Dentre os piores colocados da lista estão os biscoitos recheados, a carne suína e margarina.

O consumo diário de cerca de 115 gramas de biscoitos recheados (menos de um pacote) pode reduzir em média 39 minutos de vida saudável.

Esse dado faz parte de um estudo inédito que avalia o impacto conjunto dos alimentos na saúde humana e no meio ambiente no Brasil. Saiba mais detalhes!

Tempo de vida é reduzido se esse alimento for consumido diariamente

O estudo, publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health, usou o Índice Nutricional de Saúde (HENI), criado por pesquisadores norte-americanos, para avaliar o impacto de alimentos queridinhos dos brasileiros na saúde em anos de vida.

O índice considera 15 componentes nutricionais ligados ao risco de doenças, com dados do projeto Global Burden of Disease, que avalia as principais causas de morte e incapacidade no mundo.

Foram analisados os 33 alimentos que mais contribuem para a ingestão calórica dos brasileiros, considerando também seus impactos ambientais em emissões de CO₂ e uso de água.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da USP, UERJ e da Universidade Técnica da Dinamarca.

  • Alimentos de origem animal, especialmente a carne vermelha, apresentaram maior impacto ambiental;

  • Itens vegetais, como feijão e frutas, tiveram melhores pontuações de saúde (Heni) e menor impacto ambiental.

Segundo a professora Aline Martins de Carvalho, da FSP-USP, a perda de minutos de vida está ligada aos hábitos alimentares da população.

"Não se trata do consumo de uma única bolacha, nem de uma única vez na vida, mas sim um consumo contínuo dessa porção de bolachas. Se a pessoa consome por muitos anos e de forma diária, esse hábito irá reduzir o tempo de vida saudável dela", explica.

Melhores e piores pontuações de alimentos analisados

Alguns resultados revelados pela pesquisa, o Índice Nutricional de Saúde médio no Brasil foi de -5,89 minutos, variando de -39,69 minutos para bolachas recheadas a +17,22 minutos para o consumo de peixes de água doce.

Entre as piores pontuações estão:

  • Carne suína: -36,09 minutos
  • Margarina com ou sem sal: -24,76 minutos
  • Carne bovina: -21,86 minutos
  • Biscoitos salgados: -19,48 minutos

Entre as melhores pontuações:

  • Peixes de água doce: +17,22 minutos
  • Banana: +8,08 minutos
  • Feijão: +6,53 minutos
  • Arroz com feijão: +2,11 minutos

Os impactos negativos da pizza de mussarela para o ambiente

A pizza de mussarela teve destaque negativo por consumir mais de 306 litros de água por porção. Já a carne bovina, além de prejudicar a saúde, emite mais de 21 kg de CO₂ por prato.

Por outro lado, a banana tem baixo impacto ambiental, com emissão de apenas 0,1 kg de CO₂ e uso de 14,8 litros de água por porção.

"Nossas descobertas fornecem entendimentos valiosos sobre as consequências reais das escolhas alimentares individuais e institucionais, demonstrando seus impactos mensuráveis na saúde e no meio ambiente", afirmam os pesquisadores.

Regiões do país onde foram encontradas as piores médias

O estudo analisou a alimentação em quatro regiões do Brasil e identificou uma dieta comum baseada em arroz, feijão e carnes. Foi observado também monotonia alimentar e baixo consumo de alimentos nativos e biodiversos.

As piores médias do índice foram encontradas nos agrupamentos que incluem o Nordeste e parte do Norte, com variações de impacto na saúde entre -61,15 minutos (carne seca) e +41,43 minutos (açaí com granola).

"Esses achados reforçam que a melhoria dos sistemas alimentares exige ações que vão além da promoção de informações sobre escolhas saudáveis e sustentáveis: é necessário garantir acesso real, contínuo e economicamente viável a esses alimentos, especialmente para populações em situação de vulnerabilidade", afirma Marhya Júlia Silva Leite, primeira autora do estudo.

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