
Alimentos ultraprocessados são os que mais retiram minutos de vida. (créditos: Shutterstock)
O que você pensaria se alguém dissesse que o biscoito recheado que acabou de comer encurtou sua vida em 39 minutos? Por mais estranho (e até um pouco apocalíptico) que pareça, essa informação tem embasamento científico. Foi o que revelou um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que analisou o impacto dos alimentos na saúde da população.
Publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, o estudo avaliou os 33 alimentos mais consumidos pelos brasileiros e os classificou com base no efeito que eles têm em minutos sobre a expectativa de vida.
Quais alimentos podem te fazer viver menos?
Os cientistas usaram como base para o estudo o Índice Nutricional de Saúde (HENI, na sigla em inglês). Desenvolvido por pesquisadores norte-americanos, o HENI leva em conta 15 componentes nutricionais que influenciam o risco de desenvolver doenças, com base em dados do projeto Global Burden of Disease, que monitora os impactos das principais causas de morte e incapacidade no mundo.
Mas o índice não mede só o que faz mal, mas também considera os possíveis benefícios que um alimento pode oferecer, de acordo com seu valor nutricional. O resultado é traduzido em minutos, mostrando quanto tempo de vida aquele alimento pode adicionar ou subtrair da sua expectativa de vida.
Em outras palavras: seu prato pode estar contando os minutos da sua vida, seja para o bem ou para o mal.
Ao final do estudo, os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões.
Alimentos com as piores pontuações
- Biscoito recheado: −39,69 minutos;
- Carne suína: −36,09 minutos;
- Margarina: −24,76 minutos;
- Carne bovina: −21,86 minutos;
- Empanado de frango: −17,88 minutos.
Alimentos com as melhores pontuações
- Peixe de água doce: +17,22 minutos;
- Banana: +8,08 minutos;
- Feijão: +6,53 minutos;
- Suco natural de fruta: +5,69 minutos;
- Arroz integral: +4,71 minutos.
Brasileiro perde mais minutos de vida do que ganha
O estudo também revelou um dado preocupante: a média nacional de minutos de vida perdidos por alimento é de 5,89. Isso indica um padrão alimentar desequilibrado no Brasil, ou seja, estamos perdendo mais tempo de vida do que ganhando com o que colocamos no prato. O principal culpado, de acordo com o estudo, é o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes.
Mas calma, não é pra entrar em pânico a cada mordida. Os próprios cientistas alertam que o índice não deve ser interpretado como uma conta literal. Comer um biscoito recheado não significa que você vai automaticamente perder 39 minutos de vida. O cálculo considera o impacto isolado de um alimento específico, sem levar em conta o restante da dieta.
Ou seja, tudo depende do contexto. Não tem problema comer um biscoito ou um frango empanado de vez em quando, desde que isso não vire regra. A dica é equilibrar: se exagerou num dia, compense nos outros com alimentos mais nutritivos, ricos em fibras, gorduras boas e ômega-3. O segredo está no conjunto da obra, não em um único lanche.
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