As saladas prontas, aquelas vendidas em pacotes e já higienizadas, que são a salvação para quem tem uma rotina corrida e busca otimizar o tempo, podem não ser tão saudáveis quanto parecem. E isso não se refere ao importante valor nutricional das verduras que estão dentro das embalagens.
O motivo está relacionado às bactérias causadoras de doenças, aponta um recente estudo. Isso significa que a praticidade de comprar essas saladas no mercado para garantir uma alimentação nutritiva no dia a dia pode custar caro à saúde.
Pode ser que muita gente não esteja disposta a mudar os hábitos, mas é bom saber quais são os riscos que está correndo antes de comprar o próximo pacote de salada pré-higienizada. Para quem já tem o hábito de comprar verduras frescas e conservar da forma correta para consumo, essa não será uma preocupação.
Veja os perigos da salada de pacote para a saúde
Os vegetais de embalagens, considerados minimamente processados (VMPs) e vendidos como vegetais frescos higienizados, podem conter bactérias prejudiciais à saúde. O estudo, publicado na revista Foods, investigou a presença de microrganismos indicadores de falta de higiene ou causadores de doenças.
Foram descobertas a presença das bactérias Escherichia coli, considerado principal indicador de contaminação fecal, Salmonella spp. e Listeria monocytogenes.
Como garantir que uma salada é segura para consumo
Os VMPs são comercializados prontos para consumo, oferecendo maior praticidade nas refeições. Obviamente que por serem disponíveis cortados, higienizados e embalados em pacotes lacrados ao consumidor, o produto se torna mais caro se comparado ao produto in natura.
Os pesquisadores constataram, no entanto, a presença de microrganismos nesses vegetais vendidos pré-higienizados, ou seja, com risco de contaminação. Por serem ingeridos crus, a melhor forma de assegurar a eliminação de microrganismos responsáveis por causar doenças inclui o uso de sanitizantes, como o cloro na água de lavagem.
Portanto, segundo aponta o artigo, as indústrias produtoras precisam ter a responsabilidade de disponibilizar no mercado produtos com qualidade e segurança microbiológica já que essa é a proposta desse tipo de alimento "pronto para consumo".
A sugestão é implementar medidas de controle ao longo do processamento. "Embora lavar novamente o produto em casa possa ser considerado desnecessário, alguns consumidores podem optar por fazê-lo para reforçar a segurança", sugere Daniele Maffei, docente do Esalq-USP.
Salada vendida em embalagem pode causar infecção
As hortaliças higienizadas e vendidas em saquinho que prometem estar prontas para irem direto para o prato ou para a marmita sugerem a garantia de que o alimento está limpo. Mas não é bem o que acontece, embora a proposta seja um produto pronto para consumo.
Maffer aponta que os vegetais pré-higienizados são submetidos a etapas de processamento e seleção, corte, pré-lavagem, desinfecção, enxague: "Durante o processamento, nós temos várias etapas e, uma das principais que visa reduzir a carga microbiana presente, principalmente eliminar possíveis microrganismos causadores de doenças, é a desinfecção."
Mas no caso de ocorrerem falhas, a eficácia dessa etapa pode ser comprometida. "E a presença de microrganismos indesejados nos produtos, indica a pesquisadora. Dados de estudos nacionais e internacionais sobre a higienização de hortaliças já existente foram analisados e incluídos nas análises.
Maffer acrescenta que as pessoas que consomem os vegetais sem higienização podem sentir gastroenterite, e os sintomas são diarreia, vômitos, mal-estar. Outros problemas mais graves de doenças também podem afetar o organismo, indicando a necessidade de medidas de controle, reforçando a lavagem.
Saiba o tempo de armazenamento da salada de pacote
A vida útil ds VMPs podem variar de alguns dias a duas semanas, já que depende de vários fatores, entre eles o tipo e qualidade dos vegetais frescos, método de processamento, tipo de embalagem, condições de armazenamento e presença de microrganismos deteriorantes.
Quando o processamento é feito dentro das boas práticas de fabricação, o processamento mínimo reduz a perda de nutrientes e alterações indesejáveis na textura, cor, sabor e aroma dos vegetais, assim como a deterioração microbiana.
Uma grande variedade de vegetais pode ser processada, incluindo folhas verdes (por exemplo, rúcula, alface e espinafre), vegetais crucíferos (como brócolis e couve-flor), tubérculos (cenoura, beterraba etc.) e pepinos.
Como lavar verduras da forma correta
Como destacado pela pesquisadora, quem consome os vegetais sem higienização pode sentir gastroenterite e ter como sintomas diarreia, vômitos e mal-estar, e isso reforça a necessidade da lavagem. Para a realização de uma higienização segura, confira o passo a passo a seguir.
Primeira etapa: fazer uma lavagem em água corrente, com água potável, para retirar a sujeira visível. No caso de legumes e de algumas frutas, é possível utilizar uma escova para auxiliar na remoção da sujeira, considerando que a escova seja utilizada unicamente para a finalidade.
Segunda etapa: preparar a solução de desinfecção com produtos comerciais à base de cloro ou com água sanitária. Atenção: É necessário que no rótulo da água sanitária conste a informação que pode ser utilizada para desinfecção de vegetais. O recomendado é uma colher de sopa de água sanitária para cada um litro de água potável, deixando as hortaliças de molho por aproximadamente 15 minutos.
Terceira etapa: na última etapa, basta enxaguar e secar os vegetais.
Como conservar os vegetais (truque para prolongar a vida útil)
A pesquisadora orienta os consumidores a adquirir vegetais in natura, higienizá-los e armazená-los para o consumo ao longo da semana: "Para isso, é importante a escolha de produtos de qualidade (sem injúrias, como manchas e partes amolecidas)."
Em casa, os alimentos devem ser lavados em água corrente e colocados de molho por 15 min em recipiente contendo solução clorada, como destacado anteriormente, e enxaguados em água corrente para a remoção dos resíduos do sanitizantes.
Na sequência, ela ressalta a importância de retirar o excesso de água e esse truque ajuda a prolongar a vida útil do vegetal. "Isso pode ser feito utilizando centrífugas/seca salada (para as folhosas) ou papel toalha (para os legumes). E devem ser mantidos em recipientes limpos e fechados na geladeira", explica a nutricionista e doutora em Ciências dos Alimentos.