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Finalmente sabemos por que sentimos vontade de comer um docinho após as refeições!
Jéssica AntunesPor  Jéssica Antunes  | Redatora

Jornalista apaixonada pelo universo gastronômico. Aprendi a cozinhar de verdade (com panela de pressão e tudo) depois de sair da casa dos meus pais para estudar. Desde então, amo experimentar sabores, conhecer novas culinárias e me arriscar em receitas diferentes.

Pesquisadores descobriram que a resposta pode estar no cérebro e em como ele reage ao açúcar.

Finalmente sabemos por que sentimos vontade de comer um docinho após as refeições!

 

Estudo revela que a vontade de comer doce após as refeições pode estar relacionada a processos neurológicos e à liberação de endorfina. (Foto: Canva)

Se você já terminou uma refeição e sentiu aquela vontade irresistível de comer um doce, saiba que isso pode não ser apenas um hábito. Um novo estudo publicado na revista Science revelou que esse desejo pode estar diretamente ligado ao funcionamento dos neurônios no cérebro.

A pesquisa, realizada no Instituto Max Planck de Biologia do Envelhecimento, na Alemanha, sugere que determinadas células nervosas, chamadas neurônios POMC, desempenham um papel essencial no apetite por doces. Mesmo quando os participantes do estudo já estavam saciados, esses neurônios eram ativados ao terem acesso ao açúcar, desencadeando uma sensação de prazer e recompensa.

O que acontece no cérebro quando comemos doce?

Os cientistas analisaram, primeiramente, como esses neurônios agiam em camundongos. Eles perceberam que, ao consumirem açúcar, os ratos liberavam endorfina, um dos opioides naturais do corpo, que ativava ainda mais esses neurônios. Esse processo criava uma resposta de prazer e incentivava a ingestão de mais açúcar, mesmo sem necessidade fisiológica.

Curiosamente, esse fenômeno só foi observado com o consumo de doces. Quando os camundongos ingeriram alimentos salgados ou gordurosos, essa liberação de endorfina não aconteceu. Além disso, quando os pesquisadores bloquearam essa via neurológica, os ratos deixaram de buscar açúcar, mesmo tendo acesso a ele.

E nos seres humanos?

Após os testes com animais, os pesquisadores expandiram o estudo para humanos. Eles aplicaram exames cerebrais em voluntários que receberam uma solução de açúcar por meio de um tubo e perceberam que a mesma região do cérebro foi ativada, com uma alta concentração de receptores de opioides naturais.

Segundo Henning Fenselau, líder do grupo de pesquisa, esse mecanismo faz sentido do ponto de vista evolucionário. O açúcar era um recurso raro na natureza, mas altamente energético, e o cérebro aprendeu a incentivar seu consumo sempre que possível. Isso explicaria por que sentimos prazer imediato ao ingerir doces.

Possíveis aplicações para o futuro

Os resultados da pesquisa podem ser valiosos para entender e tratar questões relacionadas ao consumo excessivo de açúcar, como obesidade e distúrbios metabólicos. Segundo os pesquisadores, já existem medicamentos que bloqueiam os receptores opiáceos no cérebro, mas eles não são tão eficazes na perda de peso quanto os inibidores de apetite.

A equipe sugere que, no futuro, uma combinação entre esses bloqueadores e outras terapias pode ser mais eficiente no controle da compulsão por doces. No entanto, mais estudos são necessários para compreender totalmente os efeitos desse mecanismo no organismo humano.

O que sabemos até agora é que o desejo por um docinho após as refeições não é apenas psicológico: ele tem uma explicação biológica e faz parte de um mecanismo natural do nosso cérebro.

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