Esse queijo do Rio de Janeiro é o único de fora da Europa no top 10 de competição mundial na França

Todo ano o Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, o Mundial de Queijos e Laticínios, premia na França os melhores queijos do planeta. O Brasil sempre deixa a sua marca no evento e volta com prêmios, muitos deles para tipos de queijo canastra. Em 2023 batemos recorde com 81 medalhas ao todo, mas dessa vez foi um queijo produzido no sul do Rio de Janeiro que se destacou com um dos maiores prêmios possíveis. Confira no TudoGostoso qual queijo brasileiro ficou entre os melhores do mundo e como ele foi escolhido.

Qual queijo brasileiro foi destaque no Mundial de Queijos?

O queijo brasileiro que mais fez sucesso no Mundial de Queijos de 2023 foi o Caprinus do Lago, produzido na queijaria do Capril do Lago de Fabrício Le Draper Vieira, em Valença. A fábrica no sul do estado do Rio de Janeiro é especializada em produtos derivados do leite de cabra e já participou de concursos de topo de linha nacionais e internacionais, mas foi a primeira vez que levaram o ouro em um concurso global, justamente em um dos principais títulos.

No Mondial du Fromage, o Caprinus do Lago ganhou na categoria super ouro dos melhores queijos do mundo. Dentre os milhares de participantes, o queijo fluminense ficou em 7º do top 10 com 117 pontos, empatado com o francês Trèfle du Perche. O queijo fluminense não só é o melhor colocado brasileiro como o único fora da Europa a entrar na lista seleta que tem um representante suíço e todos os demais franceses. A queijaria de Valença ainda levou outro prêmio, um bronze com Destino, um queijo de vaca com páprica.

Para chegar nesse ponto, o Caprinus do Lago passa por um processo longo. São usados cerca de 85 litros de leite de cabra para fazer a roda de queijo de 5kg que é produzida duas vezes por semana. Mas o produto final só fica pronto para venda e consumo depois de um ano de maturação sendo virado e escovado diariamente. Por causa da demora e dos prêmios, hoje tem fila de espera com mais de mil pessoas que desejam comprar um pedaço do queijo. Com toda essa qualidade seria de se esperar que o Capril do Lago fosse uma grande produção, mas na verdade Fabrício começou a produzir este queijo de cabra durante a pandemia e paralelamente continua trabalhando como dentista.

Quais são os melhores queijos do mundo?

A escolha dos melhores do mundo do Mundial de Queijos e Laticínios acontece presencialmente na cidade de Tours, na França. Durante três dias, 250 jurados de vários países provam e julgam mais de 1600 queijos, avaliando quesitos como sabor, aroma, aparência, textura e balanceamento. Cada tópico ganha uma nota e no final dos queijos com as melhores notas recebem medalhas de bronze, prata, ouro ou super ouro, para os primeiros colocados como o Caprinus do Lago.

Dentre os superpremiados, o queijo que ficou em 1º lugar foi o francês Époisses Berthaut Perrière, com 119 pontos, um queijo mole de leite de vaca integral produzido há 500 anos. O segundo lugar foi para o L'Etivaz AOP, da Suíça, com 118 pontos. O pódio fechou com outro francês, o Couronne de Touraine com 115 pontos. Com exceção do queijo brasileiro em 7º, o resto do rank de 2023 foi completo com queijos franceses, incluindo um empate triplo no 10º lugar.

Quais queijos brasileiros foram premiados no Mundial de Queijos?

O Brasil sempre leva queijos para representar a produção nacional e alguns deles voltam com medalhas. Em 2022 foram cerca de 50 premiados. Em 2023 o país levou 288 queijos e bateu um recorde próprio com 81 medalhistas, sendo 17 de ouro, 23 de prata e 41 de bronze. Apesar da melhor colocação nacional ter sido de um queijo do Rio de Janeiro, 10 das 17 medalhas de ouro foram para Minas Gerais, que seguiu a tradição como o estado brasileiro mais premiado na competição.

Só a Queijaria Alto da Aparecida voltou para casa com três ouros para seus queijos maturados de 12 meses, 18 meses e 24 meses produzidos na Serra da Aparecida em Minas Gerais. O Queijo Colombo é outro com duas medalhas de ouro, uma para o queijo minas tradicional de casca lisa de 45 dias e outra para o de mais de 100 dias. As queijarias Barão do Queijo Canastra, Laticínios Paiolzinho, Produtos Goa, Queijo Maria Nunes e Ribeiro Fiorentini completam os mineiros com a maior premiação.

Em São Paulo, a Estância Silvania levou dois ouros com o Santa Brigite Silvania e o Valoro Silvania. A ricota produzida pela Búfala Almeida Prado e o queijo chamado Alecrim da Queijaria Santa Vitória levaram mais ouros para o interior paulista. No estado do Rio, além do Caprinus do Lago, o queijo tipo Quark feito pelo Laticínios São João também levou o prêmio. Fechando os 17 melhores queijos brasileiros foi o Bálsamo, da Queijaria Serra do Bálsamo, de Goiás.

O Mondial du Fromage tem uma competição de queijistas. Este ano pela primeira vez o Brasil teve um representante entre os 16 finalistas. Marina Cavechia é sócia do Teta Cheese Bar do Distrito Federal e foi eleita a melhor queijista do Brasil. Durante a disputa na França ela passou por nove horas de testes de provas, montagem de tábuas, harmonizações, entre outros. Ela não levou o prêmio, que foi para o francês Vincent Philippe, mas fez história ao colocar o Brasil na competição de profissionais.

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