
Com equipamentos especiais é possível cozinhar comida só com a luz solar (Créditos: Shutterstock, reprodução Facebook NeoLoco e Delicias del Sol)
Nas nossas casas é comum, quando o gás acaba, usarmos alternativas com eletricidade como as receitas na air fryer. Mas em outros lugares não é necessário nem gás e nem eletricidade: toda comida é preparada com o sol. E não estamos falando de painéis solares que geram energia elétrica e sim de restaurantes com fornos especiais que usam o sol diretamente para cozinhar a comida que servem aos clientes. Descubra no TudoGostoso como esses restaurantes com cozinha solar funcionam.
Por que cozinhar com sol?
Você já deve ter ouvido falar ou até dito aquela velha frase “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto”. Os restaurantes que cozinham com o sol aproveitam justamente o calor natural do sol traz para esquentar comida sem precisar depender de nenhuma outra fonte de energia elétrica, a gás ou a lenha. A ideia por trás de usar o sol para cozinhar é justamente economizar energia e preservar a natureza.
Ao contrário dessas fontes de energia que custam caro, geram fumaça, impactam o meio ambiente e podem até ser finitas, usar a simples incidência do sol não custa nada e nem tira nada da natureza. Cozinhar usando o sol é econômico e uma solução para vilas menores e com menos recursos. A cozinha solar, como é chamada, tem inúmeros adeptos pelo mundo que usam nas suas casas ou em viagens, usam em iniciativas populares e até abrem restaurantes usando esse método de cozimento único.
Como funciona a cozinha solar?
Tem dias que é tão quente que realmente dá para fritar um ovo direto no sol, mas nem todos os dias são assim. Por causa disso, a cozinha solar utiliza equipamentos especiais que intensificam os raios solares para conseguir esquentar qualquer comida mesmo quando não está fazendo 40ºC lá fora. Esses equipamentos, que têm uma variedade de técnicas cada vez mais modernas, usam formatos e materiais capazes de concentrar os raios solares, como espelhos e vidros, e manter seu aquecimento para acumular calor o bastante mesmo quando não está no ápice do verão.
Os fornos solares feito com caixas com tampos de vidro absorvem a energia solar e as mantêm “presa”, o que cozinha a comida aos poucos como se fosse um forno que pode chegar até 150ºC ou 200ºC se tiverem “abas” refletivas que redirecionam mais raios solares. Os painéis de cozimento solar funcionam de forma parecida com laterais laminadas para receber o sol, mas sem a caixa, sendo um equipamento mais econômico e prático de montar. Esses métodos são relativamente lentos, mas esquentam a comida de forma igual, evitam que ela queime e nem precisa de um chef de cozinha para ficar mexendo.
O fogão solar parabólico é feito com um espelho côncavo e um suporte no meio para colocar a panela. Os raios solares são captados por toda a superfície espelhada e convertida em único ponto na panela. Essa técnica leva a temperaturas mais altas que superam 200ºC e esquenta a comida mais rapidamente, mas por causa disso precisa de um cozinheiro atento e sempre mexendo para evitar que queime. Por ser uma parábola, é fundamental girar esse fogão solar de acordo com a direção do sol, o que também pode ser usado para controlar a temperatura.
A cozinha solar intensifica o calor dos raios solares para cozinhar sem depender de sol forte todos os dias e poder ser usado até mesmo no inverno dependendo das condições. De acordo com a temperatura é capaz de fazer carnes, legumes, caldos, bolos, pães e mais. Mas ainda é necessário ter sol para funcionar, então ao anoitecer ou quando o dia fica nublado o calor armazenado aos poucos se dissipa. Durante a noite ou em dias encobertos com chuva são inviáveis para a cozinha solar.
Onde ficam os restaurantes de cozinha solar?
Existem restaurantes de cozinha solar em várias partes do mundo, mas não é qualquer lugar que é propício para esse método de cozimento. Normalmente ele é mais bem sucedido em locais com clima mais seco e quente com dias de sol em pelo menos metade do ano. Quanto mais perto da linha do equador, melhor, e certas altitudes que aumentam a radiação solar também aumentam as chances de sucesso. Nesses lugares, a cozinha solar consegue funcionar por mais horas ao longo do dia e também por mais dias no ano.
Uma das regiões mais adequadas para a cozinha solar é o Deserto do Atacama, no Chile, o deserto mais alto e seco do mundo, região que tem a maior radiação solar do planeta e faz sol praticamente todo o ano. É lá onde ficam restaurantes como o EntreCordillera Restobar, o Delicias del Sol, dentre outras cozinhas solares em regiões como Vale do Elqui e San Pedro de Atacama. Outras regiões ótimas para cozinhas solares são a Austrália, a América Central, a Índia, o Oriente Médio e a África (especialmente em países na área do Deserto do Saara).
Alguns outros exemplos de iniciativas permanentes ou temporárias são os vendedores de praia com fornos solares portáteis do Marrocos, o Seeing is Believing Cafe do Quênia, o Al-Wissam Bakery do Líbano, o El Romero Eco-restaurant de Cuba, a padaria NeoLoco da França, o Solar Kitchen Restaurant itinerário que viaja pela Europa, os biscoitos veganos feitos com sol da Kivu da Índia e a empresa de café torrado Solar Roast Coffee dos Estados Unidos. O Brasil também é um país com grande potencial para a cozinha solar e tem até uma marca brasileira de fornos solares, a Pleno Sol.
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