
Pesquisador afirma que os vírus presentes nos banheiros, os bacteriófagos, “são nossos amigos” (Foto: Shutterstock)
Talvez você não imagina, mas a cada vez que entra no banheiro de sua casa, provavelmente está compartilhando esse espaço com centenas de vírus diferentes.
Eles se escondem em algumas superfícies, em especial nas escovas de dentes e no chuveiro, como aponta um novo estudo. Apesar de parecer nojento, você não precisa correr agora para preparar um potente desinfetante caseiro e higienizar tudo.
De acordo com a autora sênior do estudo, Erica Hartmann, PhD, professora associada de engenharia civil e ambiental da Northwestern University em Evanston, Illinois, não há necessidade de entrar em pânico.
Para entender esse conselho inusitado da especialista, veja o que esses vírus são capazes de fazer no seu corpo.
Atacar os micróbios com desinfetante não é uma boa ideia, afirma pesquisadora
Para entender o que acontece quando o seu corpo entra em contato com essa superpopulação de vírus que frequenta o seu banheiro, é necessário saber como foi realizado o estudo. Os cientistas pediram às pessoas que enviassem escovas de dente usadas e cotonetes com amostras coletadas de seus chuveiros.
Em seguida, eles usaram o sequenciamento de DNA para analisar essas amostras em um laboratório e encontraram mais de 600 vírus diferentes, conforme publicados na Frontiers in Microbiomes.
"Os micróbios estão em toda parte, e a grande maioria não nos deixará doentes. Quanto mais você os ataca com desinfetantes, maior a probabilidade de desenvolverem resistência ou de se tornarem mais difíceis de tratar. Todos nós deveríamos simplesmente abraçá-los", afirma a Dra. Hartmann.
Tipos de vírus que atacam bactérias, e não pessoas
O curioso é que os cientistas encontraram no laboratório uma categoria de vírus chamada bacteriófagos, que não infectam pessoas.
No lugar disso, esses bacteriófagos têm como principal alvo as bactérias, incluindo muitos organismos que podem causar doenças humanas graves e potencialmente fatais, de acordo com o site Everyday Health, especializado em saúde e pesquisas.
Não há duas amostras de escovas de dente ou chuveiros iguais, e os cientistas encontraram poucos padrões para identificar grupos comuns de organismos que podem se desenvolver em determinados ambientes do banheiro.
"As bactérias de nossas bocas são diferentes das bactérias dos chuveiros, portanto, é de se esperar que as populações de bacteriófagos dos dois locais sejam diferentes", explica o médico Robert Schooley, professor de doenças infecciosas e saúde global da Universidade da Califórnia em San Diego.
Vírus conhecidos como bacteriófagos como futuros medicamentos
Entretanto, os cientistas encontraram um tipo específico de vírus com mais frequência: o micobacteriófago. Ele infecta micobactérias, responsáveis por causa doenças específicas em humanos como hanseníase, tuberculose e infecções pulmonares crônicas.
Diante dessas descobertas, os cientistas afirmam que é possível que os bacteriófagos sejam usados no futuro para atingir as bactérias que causam essas doenças ou outras doenças humanas.
De acordo com o estudo, isso significa que esses vírus possam ajudar a tratar doenças causadas por bactérias que não respondem a antibióticos no futuro.
"A penicilina vem do pão mofado. Pode ser que o próximo grande antibiótico seja baseado em algo que cresceu em sua escova de dentes", sugere Hartmann.
No momento, não há nada que você precise fazer para mudar a rotina do seu banheiro
O novo estudo oferece apenas descobertas preliminares de laboratório que podem se tornar a base de experimentos para testar o potencial dos bacteriófagos como tratamento médico. Ou seja, passar de testes de laboratório para testes em humanos até chegar a um medicamento aprovado leva anos de pesquisa.
Por enquanto, não há nada que você deva fazer para mudar a rotina de limpeza do seu banheiro, diz Graham Hatfull, PhD, professor de biotecnologia da Universidade de Pittsburgh.
"É bom manter o banheiro e os itens do banheiro tão limpos quanto possível, é claro, porque essa é uma maneira eficaz de reduzir o número de bactérias potencialmente prejudiciais, assim como é útil lavar as mãos com frequência", diz o Dr. Hatfull.
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