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'Bean protein': feijão carioca na mira do mercado fit como poderoso concentrado de proteínas

Estudo inédito destaca o poder do feijão carioca com possível substituto do whey protein em um concentrado proteico. 

'Bean protein': feijão carioca na mira do mercado fit como poderoso concentrado de proteínas

Feijão carioca vai substituir o whey protein? Estudo revela concentrado proteico à altura (Foto: Shutterstock)

Se você já é fã de feijão, então essa é uma das melhores notícias que vai receber sobre uma boa alimentação. Depois de tanto tempo colocada como um dos vilões da dieta, essa leguminosa nutritiva e queridinha da mesa dos brasileiros vem sendo indicada como alimento importante para quem deseja perder peso.

Mas o seu status como alimento nutritivo está sendo elevado a mais um patamar. O feijão carioca foi alvo de um estudo inédito e a conclusão a que se chegou é que ele pode conquistar o mercado fit como um possível substituto do whey protein.

O estudo foi realizado pela Embrapa Alimentos (RJ) e o TudoGostoso conta mais detalhes a seguir!

Feijão carioca é o novo whey protein?

O grão do feijão carioca pode se tornar um tipo de concentrado proteico para bases alimentares, aponta uma pesquisa inédita da Embrapa Alimentos realizada com recursos da Embrapa e do Programa de Incentivo à Pesquisa, do The Good Food Institute.

Essa versão de whey protein (produzido a partir do soro do leite) com a leguminosa surpreendeu os pesquisadores. Cada 100 gramas de feijão contém cerca de 80 gramas de proteína, ou seja, cerca de 80% da sua composição.

Isso indica que esse concentrado à base do feijão pode acrescentar o teor de proteína a alimentos à base de vegetais similares aos de origem animal: hambúrgueres de feijão, empanados, salsichas, linguiças e até leites vegetais e iogurtes. É possível utiliza-lo também em panificação, bebidas e suplementos alimentares.

Ingrediente proteico com matéria-prima brasileira

A pesquisa teve como principal objetivo obter um ingrediente proteico de alta qualidade utilizando uma matéria-prima nacional. "Começamos a desenvolver o projeto em 2019, quando ninguém no Brasil ainda pensava na proteína de feijão", explica a pesquisadora da Embrapa Caroline Mellinger.

"Estamos entregando, em 2023, um insumo inovador, com características competitivas aos ingredientes que se encontram no mercado e com potencial para produção nacional. Entendemos que estamos sendo pioneiros nessa tecnologia e estamos muito felizes em fazer parte dessa história", acrescenta.

"Essa proteína de feijão pode substituir a proteína de ervilha, que é majoritariamente importada, e muito usada atualmente, ou seja, estamos trabalhando com uma matéria-prima de origem nacional que todo mundo conhece e está habituado", ressalta Janice Lima, que também participou do estudo.

Um dos ganhos para o mercado nacional é que o concentrado de feijão pode substituir ingredientes importados e, também, da proteína de soja que pode ser produzida no Brasil, embora tenha consumidores que optam por não comprar.

Plant-based: produtos à base de plantas estimularam o projeto

O crescimento da oferta de produtos à base de plantas (alimentos que tentam imitar os de origem animal), também conhecidos como plant-based, impulsionou o estudo.

"O fato de o feijão ser uma das leguminosas mais representativas para o país influenciou a ideia de obter um concentrado proteico de outra leguminosa que não a soja e a ervilha", explica Janice.

A grande produção nacional de feijão, inclusive para a exportação, parecia ser a melhor opção para os pesquisadores: "Consideramos que é uma matéria-prima ideal para obter esses concentrados proteicos.”

Vale ressaltar que os aminoácidos essenciais presentes no grão do feijão são mantidos no concentrado proteico. Dos 20 aminoácidos formadores de proteínas, nove são considerados essenciais porque não são produzidos naturalmente pelo corpo.

As substâncias chamadas essenciais para o organismo precisam ser obtidas a partir de alimentos ou da suplementação.

Resíduo que sobra do feijão também pode ser aproveitado

O aproveitamento dos resíduos gerados a partir da extração da proteína dos grãos de feijão carioca também foi alvo da pesquisa para tentar otimizar o uso do material com práticas de economia circular.

"É muito importante destacar que são tecnologias com menor impacto ambiental, sem o uso de reagentes químicos", explica a pesquisadora Melicia Galdeano, responsável por conduzir os estudos.

A partir dessa prática, foram obtidos três ingredientes com potencial de aplicação em produtos processados a partir do resíduo resultante da extração da proteína:

  • O primeiro ingrediente: apresentou 30% de fibra, usando uma rota tecnológica mais simples e sem necessidade de fracionamento. Ele teria a mesma aplicação de farelos de cereais, como os de milho, trigo e arroz, com um considerável teor de fibra, além de mais componentes.

  • O segundo ingrediente: o amido do feijão, com pureza de 91%, extraído a partir de purificação com água e sem o uso de reagentes químicos. "No momento, o amido de feijão e de outras leguminosas ainda não são muito utilizados. Mas, com os resultados preliminares das análises, estamos observando o potencial de aplicação em produtos de panificação", aponta Galdeano.

  • O terceiro ingrediente: resultado da extração da proteína e do amido do feijão, com um teor de fibra de 64%. "Essa quantidade é muito interessante e a fibra avaliada tem a capacidade de reter cinco vezes o seu peso em água, o que é uma característica muito desejada pela indústria de alimentos", acrescenta a pesquisadora.

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