
Saiba o que pode ser feito para alterar a memória biológica das células de gordura (Foto: Shutterstock)
Muita gente vive na luta contra a balança e se frustra com o efeito sanfona interminável. Por mais que essas pessoas sigam uma dieta restritiva à risca num determinado período e emagreçam, a recuperação do peso pode ser sentida nos meses seguintes. E logo é hora de iniciar uma nova dieta.
Por que isso acontece? Esse efeito acomete cerca de 85% das pessoas com obesidade que perdem pelo menos um décimo de seu peso. Nessas situações, a gordura pode voltar em até um ano.
Conforme aponta uma nova pesquisa realizada pelo Instituto Federal de Tecnologia em Zurique, na Suíça, e publicada na revista Nature, as células de gordura podem ser um dos motivos do efeito sanfona. Entenda como elas podem atuar causando o efeito sanfona.
As células de gordura guardam a lembrança da obesidade
O tecido adiposo guarda lembrança da obesidade, é como se ficasse "acostumado" com aquela condição, e resiste às tentativas de perda de peso.
Quuando um ex-obeso ingere muitas calorias, as células de gordura aumentam mais rápido e absorvem energia com maior velocidade do que o tecido adiposo de pessoas que nunca foram obesas.
Os pesquisadores chegaram a essa descoberta da memória biológica após compararem o tecido adiposo de 20 pacientes com obesidade antes e depois (dois anos depois) de perder peso com cirurgia bariátrica, método de redução do estômago.
As células desses participantes no estudo foram comparadas ao tecido adiposo de 18 pessoas que nunca foram obesas.
Memória biológica dessas células estimulam a volta do peso
Pelo que os resultados demonstram, essa memória biológica das células de gordura atuam exatamente para fazer com que o peso seja recuperado com mais facilidade, ou seja, que volte ao seu antigo "estado normal".
E para isso, as células reagem de forma que não é saudável a açúcar e ácidos graxos. Esse processo é explicado pelas alterações epigenéticas nas células de gordura durante a obesidade.
A epigenética são os processos em que marcadores bioquímicos (que funcionam como "etiquetas" no DNA) sinalizam quais genes devem ser expressos com mais intensidade e quais são eles.
As alterações na expressão dos genes são feitas, porém, a sequência de letrinhas que formam o DNA não são alteradas. As mudanças epigenéticas podem ocorrer por fatores ambientais, hábitos alimentares e doenças e condições como obesidade.
O metabolismo das células é afetado por essas mudanças, podendo aumentar a inflamação e a retomada do peso no futuro.
Como alterar essa memória celular definitivamente?
Os cientistas realizaram testes em camundongos para confirmar a hipótese. Nos roedores obesos, as mudanças celulares também foram mantidas após perder peso.
Quando comiam a mesma dieta de roedores saudáveis, os camundongos ex-obesos engordaram 14 gramas. Os demais camundongos ganhavam apenas 5 gramas.
No momento, não há uma explicação certa para "apagar" essa memória biológica. Mas os estudiosos acreditam que buscar um peso saudável por um maior período de tempo ajude a mudar a forma com que as células gorduras se acostumaram a funcionar.
Não há uma conclusão, mas os remédios direcionados para tratar questões epigenéticas (no que afeta a expressão dos genes) podem ser um caminho para fazer essas células retomarem o funcionamento saudável. Mas ainda é preciso uma nova pesquisa na área.
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