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Os dias da banana como a conhecemos estão contados. Uma pequena variedade australiana quer salvá-la

Por causa de pragas que afetam a banana Cavendish com cada vez mais frequência, é possível que a variedade da fruta deixe de existir

Os dias da banana como a conhecemos estão contados. Uma pequena variedade australiana quer salvá-la

A banana como a conhecemos pode não ser a mesma daqui a alguns anos (Créditos: Shutterstock)

Os dias da banana como a conhecemos estão contados e isso não é segredo para ninguém e muito menos uma novidade para profissionais da área. Durante anos, produtores, comerciantes e investigadores estiveram obcecados em encontrar uma solução para uma ameaça que afeta a fruta como a consumimos hoje em dia. Na falta de uma saída para conter o problema original, a solução alternativa pode estar nas espécies naturais encontradas no planeta, já que uma das curiosidades sobre a banana é que a variedade que comemos hoje foi modificada pelo homem. Entenda no TudoGostoso que problema é esse que está colocando a fruta em xeque no mundo todo e qual é como pode ser a banana do futuro.

O fantasma da banana Gros Michel

Mesmo com inúmeros tipos como banana nanica e banana prata, todas as bananas que consumimos hoje são derivadas da banana Cavendish, modificada pelo homem até ser comestível e não ter sementes. Mas ela não foi a primeira. Até meados do século XX a variedade de banana mais consumida no mundo era a Gros Michel. Ela era cultivada principalmente na América Central e exportada para a América do Norte e Europa, até que tudo isso foi interrompido por um fungo.

No início do século passado, a doença causada por fungos chamada Mal-do-Panamá começou a devastar as plantações de Gros Michel já causando a escassez em alguns lugares. Mas nos anos 50 a praga se espalhou e destruiu a variedade a tal ponto que hoje é praticamente impossível encontrá-la. O único motivo de não termos perdido a fruta de vez foi por causa da Cavendish, uma variedade de banana que era resistente à doença. Hoje, mais de 95% das bananas comerciais do mundo são Cavendish.

Qual é o novo mal que afeta a Cavendish?

Por um bom tempo a Cavendish seguiu ilesa, mas nos últimos anos surgiram pragas que afetam esse tipo de banana. Um exemplo é a Sigatoka Negra é uma doença que escurece as folhas, impede a fotossíntese e corta pela metade o rendimento da plantação. Só que não apenas surgiram novos problemas como o Mal-do-Panamá retornou com uma variedade do fungo que consegue afetar a Cavendish. O fungo reapareceu na Colômbia em 2019 e já devastou plantações no Sudeste Asiático, duas regiões com alta produção da fruta.

Os fungos e doenças que afetam as bananas não causam riscos para seres humanos, mas destroem as bananeiras e afetam seus frutos. Sem tratamento, a única maneira de evitar que a doença se espalhe pelas plantações é queimar totalmente as árvores e o solo infectado. Essa área então sequer pode ser plantada depois, já que o fungo, que vive na terra, pode reaparecer.

É possível salvar o futuro da fruta?

A banana é a segunda fruta mais consumida do mundo, então seu possível fim é preocupante. Os maiores produtores do mundo se reuniram em uma aliança global contra a praga e estão procurando possíveis técnicas de prevenção e métodos para eliminar os vetores de pragas. Mas a opção mais viável parece ser a mesma dos anos 50 e 60: procurar outras variedades. É isso que estão fazendo os pesquisadores. Um dos candidatos em potencial é uma das duas variações de banana silvestre encontradas na Austrália que tem o potencial de ser mais resistente às pragas atuais.

O problema é que não é tão trivial assim. A tal banana australiana, por ser silvestre, é cheia de sementes e não é comestível para humanos. Para desenvolver uma fruta híbrida é necessário cruzar as sementes e criar uma nova espécie. Só que o único motivo de podermos aproveitar os benefícios da banana é por ela ter sido adaptada para o nosso consumo e, por isso, não possuir sementes.

Como a banana Cavendish é essencialmente estéril, ela é plantada com mudas de bananas existentes e geneticamente iguais umas às outras, o que não permite plantar uma nova sem a doença quando a praga já atacou a plantação. Isso também impossibilita o cruzamento com a Cavendish. É preciso recorrer exclusivamente às bananas originais e torcer. Por isso, os pesquisadores da área estudam há anos a diversidade genética das bananas pelo mundo para encontrar uma que seja mais resistente às pragas atuais e, quem sabe, futuras, apostando em uma discreta variação australiana para isso

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