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Nós ingerimos as substâncias tóxicas das embalagens plásticas de alimentos? Biólogo traz a resposta em novo estudo

Inúmeras substâncias presentes nas embalagens plásticas dos alimentos ainda são totalmente desconhecidas

Nós ingerimos as substâncias tóxicas das embalagens plásticas de alimentos? Biólogo traz a resposta em novo estudo

Milhares de substâncias químicas das embalagens plásticas de alimentos são desconhecidas (Foto: Shutterstock)

Uma pesquisa realizada recentemente alerta sobre as substâncias nocivas encontradas em embalagens plásticas de alimentos. Uma das questões levantadas é sobre a possibilidade de ingerimos essas substâncias, como já apontado em um estudo sobre os riscos do consumo de água em garrafa plástica.

Para biólogo envolvido no estudo, essas embalagens precisam se tornar mais seguras. Os testes foram realizados com as embalagens plásticas de vários produtos alimentícios (salsichas, mirtilos, queijo e iogurte) de cinco países: EUA, Alemanha, Coreia do Sul, Reino Unido e Noruega.

Saiba mais detalhes para entender os perigos relatados pelo grupo de pesquisa.

Plástico com menor número de produtos químicos é mais seguro

Inúmeras substâncias químicas foram encontradas nas embalagens testadas: algumas conhecidas, muitas desconhecidas e várias prejudiciais. Esses compostos nocivos podem afetar os hormônios e metabolismo humano, como sugerem os pesquisadores envolvidos no estudo publicado recentemente.

"As pessoas constumam pensar que os plásticos dos alimentos são testados e seguros, mas a ciência não necessariamente apóia isso", diz o biólogo Martin Wagner, professor da NTNU (Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia) e um dos pesquisadores envolvidos no novo estudo.

Descobriu-se que diversos produtos tinham substâncias químicas diferentes. Os que continham menos, também tinham menos substâncias nocivas.

"Criar plástico com a adição mínima possível de produtos químicos é um passo importante para a fabricação de embalagens plásticas mais seguras", escreveram os pesquisadores.

Um quarto dos produtos químicos usados na produção de plástico é prejudicial

Wagner também está por trás do recém-publicado PlastChem Report, grande pesquisa sobre produtos químicos usados na produção de plástico, no qual foi encontrado um total de 16.000 produtos químicos. Segundo o biólogo, um quarto desses produtos é potencialmente prejudicial.

"Não temos informações de segurança sobre 10.000 dessas substâncias. Isso mostra claramente a enorme falta de conhecimento que existe. Há milhares de produtos químicos sobre os quais não sabemos nada", afirma.

"Não quero assustar as pessoas, mas quando olhamos para o plástico de uma perspectiva de saúde pública, esses produtos químicos têm um grande impacto."

Biólogo acredita que produtos químicos entram nos alimentos que ingerimos

O novo estudo não investigou se os produtos químicos encontrados nas embalagens entram nos alimentos que ingerimos, mas Wagner acredita que sim e usa um estudo anterior, no qual ele participou, como exemplo.

"O estudo nos mostra que muito mais produtos químicos do que pensávamos são lixiviados na água, que é um solvente suave. Quando algo é lixiviado para a água, é razoável acreditar que também pode ser lixiviado para bebidas, alimentos que contêm muita água e alimentos gordurosos, como queijo e manteiga."

Muitas substâncias contidas no plástico não são regulamentadas

Dorte Herzke, pesquisadora do Departamento de Segurança Alimentar do NIPH, acredita que as práticas de embalagem plástica que estão em conformidade com as leis e diretrizes norueguesas são provavelmente seguras.

"O plástico contém centenas de outras substâncias além daquelas que são regulamentadas. Muitas delas não foram identificadas, mas não sabemos por que estão no material plástico. Elas podem nem mesmo ter sido adicionadas intencionalmente", sugere.

"Muitos produtos químicos diferentes surgem quando o plástico é produzido e não temos controle ou supervisão sobre eles. Podem ocorrer coisas incontroláveis que nem mesmo o fabricante conhece."

Os produtos químicos são ingeridos pelos humanos?

Conforme afirma Herzke, os produtos químicos conhecidos e que são usados em embalagens de alimentos não migram para os alimentos ou migram em pequena escala: "O que não sabemos é como se comportam as substâncias das quais não temos conhecimento."

Embora o estudo citado pelo biólogo mostre que os produtos químicos são lixiviados para a água, a pesquisadora não acredita que o mesmo aconteça quando eles entram em contato com os alimentos.

"Nem todo alimento é como a água. Se um alimento muito rico em água estiver em contato direto com o plástico, pode ser esperado uma migração química. O mais próximo seria, provavelmente, os vegetais ricos em água. Mas esse estudo não mostra que todos os plásticos liberam produtos químicos na água", pondera.

Herzke fez uma extensa pesquisa sobre microplásticos, que também podem acabar nos alimentos a partir de embalagens plásticas: "Provavelmente não comemos muito plástico, mas sabemos que isso pode acontecer." Ela afirma a necessidade de estudos maiores para se obter a resposta.

Pesquisador sugere inovação e plásticos mais seguros para a saúde

A Noruega e a Europa têm algumas das regulamentações mais rigorosas do mundo para o uso de produtos químicos em plásticos, afirma Wagner.

"Mas quando realizamos esse estudo sobre embalagens plásticas de cinco países diferentes, encontramos produtos químicos nocivos no plástico de todos os países. Os EUA, por exemplo, têm uma regulamentação completamente diferente e muito menor, mas não houve diferença entre os plásticos da Noruega."

Ele afirma que regulamentações mais rígidas não são a solução: "Já temos regras suficientes. E, ao mesmo tempo, muitas pessoas não se esforçam para falar tanto sobre todos os produtos químicos dos quais não sabemos nada e simplesmente não podemos dizer se são seguros ou não."

O pesquisador afirma que o interesse dos estudos não é banir o plástico. "O plástico é um material fantástico. Mas cadê a inovação? Precisamos de um plástico melhor, que seja mais seguro para a nossa saúde e mais sustentável para o meio ambiente", acrescenta.

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