
Saiba como o consumo excessivo de álcool afeta o cérebro (Foto: Shutterstock)
Alguns estudos já apontaram a associação do consumo excessivo de álcool aos riscos de demência. Especialistas afirmam que as bebidas alcoólicas e alguns alimentos são capazes de afetar o cérebro, causando problemas cognitivos graves.
Em entrevista ao site "Everyday Health", Georges Naasan, professor associado de neurologia na Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York, explicou sobre essa relação.
O especialista publicou um estudo recentemente sobre o abuso de álcool de início tardio como sintoma de doenças que danificam o cérebro. Saiba mais detalhes!
Entenda com o álcool presente nas bebidas pode afetar o cérebro
Segundo explica o Dr. Naasan, o álcool pode afetar o cérebro de várias maneiras. A toxicidade do álcool impacta diretamente as células cerebrais, fazendo com que elas morram com o passar do tempo. O cerebelo, que coordena as funções motoras e cognitivas, pode ser afetado, levando a dificuldades para andar, tremores e desafios cognitivos.
Ele também pode esgotar uma vitamina crucial, a vitamina B1 (tiamina). A escassez da tiamina também tem o poder de afetar partes do cérebro. E uma das mais lesionadas é a parte importante para o processamento da memória.
Além dos danos cerebrais, o álcool ainda pode causar danos ao fígado, levando a doenças hepáticas, aumentar o risco de câncer de fígado e dificultar a filtragem de toxinas do sangue e do sistema. "Com o tempo, essas toxinas podem se acumular e causar danos ao cérebro", explica o médico.
Tipo mais comum de demência relacionado ao uso de álcool
É possível especificar o tipo de demência como a que está relacionada à deficiência de tiamina ou à degeneração cerebelar pelo uso de álcool. Um dos tipos mais comuns de demência relacionada ao consumo de álcool, segundo aponta o neurologista, é a chamada demência de Wernicke-Korsakoff.
Esse tipo envolve dois distúrbios cerebrais diferentes que geralmente ocorrem juntos.
- A doença de Wernicke: as pessoas apresentam declínio cognitivo e perda de memória de curto prazo;
- A psicose de Korsakoff: distúrbio em que há uma progressão que inclui alucinações ou delírios.
Qual a dose de álcool é capaz de causar impacto no cérebro
O especialista afirma que a relação entre o consumo de álcool e o risco de declínio cognitivo é provavelmente dependente da dose. "É provável que quanto mais longos forem os anos e quanto maior for a quantidade de álcool consumida, maior será o risco", alerta.
Uma meta-análise de 2020 concluiu que o consumo de álcool de alto nível (definido como 14 ou mais drinques por semana) está associado a um aumento no risco de demência.
"No entanto, é fundamental observar que risco e causa são diferentes. As pessoas podem ter esses riscos acumulados, mas podem ter fatores genéticos ou ambientais que têm um efeito protetor e nunca apresentar declínio cognitivo relacionado ao uso de álcool. Esses mesmos fatores, juntamente com outras condições de saúde, podem colocá-las em maior risco", explica o Dr. Naasan.
É possível reverter o dano cerebral causado pelo álcool?
Num primeiro momento, é comum se pensar na possibilidade de parar de beber ou de tratar deficiências como a de tiamina para reverter o dano cerebral causado pelo álcool. Mas será que adianta? A resposta do neurologista não é muito animadora.
"Depende do fato de o dano ser permanente. As células cerebrais morreram ou estão disfuncionais porque não receberam a vitamina de que precisam, mas ainda estão vivas?", questiona ele, para esclarecer a dúvida.
Embora haja casos em que o dano é permanente, a abstenção de álcool e a adoção de um estilo de vida saudável podem evitar mais lesões e, possivelmente, ajudar a criar novas conexões, melhorando os sintomas.
"Entretanto, em doenças degenerativas, recuperar as funções perdidas é um desafio, pois essas doenças envolvem morte celular contínua", ressalta ele.
Qual o nível seguro de consumo de álcool para a saúde do cérebro?
O nível seguro de bebida que geralmente é recomendado pelos especialistas, conforme aponta o médico de Nova York, é de um drinque pequeno a cada 24 horas. No entanto, essa definição de "drinque pequeno" é crucial.
"Isso pode significar uma cerveja, uma pequena taça de vinho ou uma quantidade específica de licor. É importante ressaltar que isso não é cumulativo", acrescenta ele.
Ou seja, ao pular cinco dias de bebidas não significa que você possa tomar cinco bebidas com segurança em um período de 24 horas. Conforme ele explica, a dose continua sendo uma: "A moderação é fundamental para minimizar os possíveis riscos à saúde do cérebro."
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