
Estudo descobre que corante alimentício Amarelo No. 5 pode deixar a pele de ratos transparente. (créditos: Shutterstock)
Pesquisadores de Stanford descobriram que um corante presente no salgadinho Doritos pode auxiliar na detecção precoce e no tratamento de câncer de pele. Segundo o estudo publicado na revista Science, o ingrediente pode deixar a pele de camundongos translúcidas, tornando seus órgãos, músculos e vasos sanguíneos mais visíveis. A técnica, chamada de "limpeza óptica de tecido”, ainda não foi testada em humanos, mas os pesquisadores acreditam que o mecanismo pode permitir a observação e o monitoramento não invasivos de lesões ou doenças na pele, incluindo alguns tipos de câncer.
Mas como um corante usado para colorir alimentos pode tornar a pele dos camundongos translúcida? O TudoGostoso separou os principais pontos desse estudo e como os resultados podem impactar a nossa vida futuramente.
A ciência por trás do rato invisível e o corante de Doritos
O corante alimentar usado no experimento é o tartrazina, também conhecido como Amarelo No. 5. Ele é comumente usado para dar cor amarela a uma variedade de produtos, incluindo o salgadinho Doritos, o refrigerante Mountain Dew e o clássico M&Ms. Além disso, o ingrediente também pode ser utilizado em alguns produtos de beleza como xampu, condicionador, sabonete e delineador, bem como vitaminas e medicamentos.
Mas se ele serve para dar cor, por que os ratos ficaram translúcidos durante o experimento? Em resumo, corpos transparentes são aqueles que permitem a passagem de quase toda luz que incide sobre eles. De acordo com os pesquisadores, é justamente a dispersão da luz que nos impede de ver através da nossa pele. Para mudar isso, é necessário fazer com que todos os tecidos, gorduras e fluidos das células musculares tenham as mesmas propriedades de curvatura da luz. É aí que entra a tartrazina.
Quando adicionado à água e embebido no tecido, as moléculas de tartrazina se alinham com a capacidade de curvatura da luz da pele. O corante absorve a luz azul e roxa e permite que a luz vermelha e laranja viaje através do tecido, resultando em transparência.
Os pesquisadores então aplicaram uma solução temporária de tartrazina por todo o corpo dos camundongos. No couro cabeludo, o corante deixou a pele transparente, revelando os vasos sanguíneos do cérebro. Quando aplicado no abdômen, mostrou os movimentos dos intestinos, coração e pulmões.
“A absorção forte de moléculas de corante, quando aplicadas topicamente a tecidos biológicos, pode reduzir a dispersão intrínseca de luz dentro desses tecidos”, disse o estudo. “Esse efeito torna vários tecidos biológicos – incluindo couro cabeludo, músculo e abdômen – transparentes.”
Como essa descoberta interfere na nossa vida?
O estudo afirma que o efeito transparência da tartrazina não parece ter efeitos duradouros. Após enxaguar o corante, os tecidos retornaram rapidamente à opacidade normal. No entanto, os pesquisadores defendem que esses resultados representam um novo meio de visualizar a estrutura e a atividade de tecidos e órgãos profundos de uma maneira segura, temporária e não invasiva.
“Olhando para o futuro, essa tecnologia pode tornar as veias mais visíveis para a coleta de sangue, tornar a remoção de tatuagens a laser mais direta ou auxiliar na detecção precoce e no tratamento de cânceres”, disse o coautor e professor assistente de ciência dos materiais e engenharia da Universidade de Stanford, Guosong Hong.
Em um comentário no artigo, Hong destaca que essa técnica atualmente só funciona em camundongos devido às suas camadas de pele relativamente finas. Como a pele humana é muito mais espessa, esse método ainda precisa ser mais aprimorado. No entanto, o grupo de pesquisadores está trabalhando para melhorar a técnica e esperam que, eventualmente, ela possa ajudar na detecção precoce do câncer de pele e simplificar a remoção de tatuagens a laser.
“Por exemplo, certas terapias usam lasers para eliminar células cancerígenas e pré-cancerígenas, mas são limitadas a áreas próximas à superfície da pele. Essa técnica pode ser capaz de melhorar essa penetração de luz”, disse Hong.
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