
Carne bovina, suína e linguiças são típicas na culinária gaúcha. (Foto: Shutterstock)
A Semana Farroupilha é um evento muito aguardado pelos gaúchos durante o ano todo. Acontece entre os dias 14 e 20 de setembro e é marcado pelas festas recheadas de músicas, danças, belas indumentárias e, claro, comida boa. A gastronomia típica do Rio Grande do Sul é muito variada e recebeu influência das cozinhas campeira, indígena e europeia — graças aos imigrantes alemães, italianos, espanhóis e de outras nacionalidades.
A verdade é que, além de muito sabor e afeto, a gastronomia traz consigo fragmentos históricos, revela hábitos e dá pistas sobre o cenário social e econômico dos povos. E com a cultura rio-grandense não seria diferente! Ao contrário do que alguns pensam, a cozinha gaúcha vai muito além do churrasco e do chimarrão. Carreteiro, arroz de china pobre, puchero, quibebe, mandioca e batata-doce também são muito populares nas mesas das famílias da região. Está pronto para conhecer melhor os detalhes dessa mistura gastronômica? Continue a leitura!
Comida campeira e o churrasco
A Semana Farroupilha celebra comidas gaúchas tradicionais, principalmente as que eram feitas pelos campeiros. A cozinha campeira, típica dos pampas, remete às épocas em que era necessário fazer longas viagens para transportar gado. Assim, os tropeiros tinham que cozinhar no meio do caminho, muitas vezes em fogões improvisados diretamente no chão.
Nesse contexto, pratos como churrasco, charque, arroz carreteiro e arroz de china pobre (com linguiça) pobre eram práticos de preparar à beira de estrada, em um ambiente com poucos recursos, além de serem duráveis. Apesar desses alimentos serem supertradicionais na região, há outros preparos clássicos gaúchos, como paçoca de pinhão, maionese de batata, feijão mexido (misturado com farinha de mandioca), quibebe (purê de abóbora-moranga), galinhada e roupa-velha (sobras de carne com ovos mexidos).
No entanto, não dá para negar que o churrasco segue sendo o destaque, principalmente nos Festejos Farroupilhas. Cordeiro na brasa, picanha e costela assado no fogo de chão, por exemplo, são cortes fáceis de achar nos cortejos por seu tradicionalismo.
Influência indígena
Falando em fogo de chão, há evidências de que a técnica tenha nascido com os indígenas, que tinham o hábito de assar peixes e carnes de caça em um buraco no chão, que era forrado com folhas verdes, terra e ramos e, então, incendiado. Outras formas de cozimento também foram influenciadas pelos índios, como é o caso do preparo de peixes e carne na tucuruva, que é um trempe de pedras, e no moquém, uma grelha de varas.
A herança indígina não para por aí: outros produtos da culinária rio-grandense evidenciam a influência dos povos originários. Estamos falando da mandioca e de seus derivados, como farinha, tapioca, beju, pirão, mingau; o milho assado, cozido e seus subprodutos, como canjica, pamonha, pipoca e farinha; além de raízes, frutas e oleaginosas, como abóbora, cará, amendoim, batata-doce e banana.
O hábito do chimarrão
Outro hábito muito difundido entre a população gaúcha é o chimarrão ou erva-mate. Essa tradição também tem origem indígena, mais precisamente dos povos Guarani, que perceberam na planta suas propriedades digestivas.
Tomar chimarrão também virou um hábito dos tropeiros e carreteiros que cruzavam o estado equipados com suas cuias e bombas para degustar a infusão. Essa era uma prática que auxiliava o processo digestivo diante do alto consumo de carne.
Heranças europeias
É certo que a comida gaúcha foi influenciada pelas colonizações europeias, principalmente a italiana, alemã, portuguesa e espanhola. Os imigrantes chegaram a partir da década de 1820 para trabalhar, principalmente, nas lavouras e na criação dos animais. Os italianos, por exemplo, se estabeleceram mais nas terras altas do sul, onde desenvolveram vinícolas que originaram vinhos reconhecidos mundialmente. A colônia italiana também trouxe diversos pratos deliciosos, como capeletti, canja, ravioli, espaguete, polenta, risoto, pizza, pães de trigo e milho, panetone, salames e queijos.
Já os alemães trouxeram o hábito do café colonial, que era servido aos colonos depois de longas jornadas de trabalho ou em ocasiões de comemoração. A mesa era recheada com bolos, pães, frutas, biscoitos, cucas, tortas, frios, embutidos, geleias, além de sucos, chás, leite e até vinho. E não para por aí, os imigrantes da Alemanha também nos apresentaram alimentos como a carne de porco assada e frita, linguiça, chucrute, conserva de rabanete, galinha assada, sopa com legumes e ovos, tortas e doces. Isso sem contar uma das bebidas mais famosas do mundo: a cerveja.
Sobremesas gaúchas
Embora as sobremesas não sejam a principal atração na Semana Farroupilha, há doces tradicionais gaúchos para adoçar a boca. Cuca, sagu de vinho com creme de baunilha, bolinho de chuva, doce de abóbora, ambrosia e doce de leite talhado são algumas opções que podem ser encontradas nas comemorações.
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