
Passageiros mais leves podem significar custos de combustível reduzidos para as companhias aéreas. (créditos: fanjianhua no Freepik)
Durante décadas, as companhias aéreas têm procurado formas de reduzir os custos das suas operações diárias, sendo a poupança de combustível uma das maiores prioridades. No entanto, uma possibilidade inesperada surgiu nos planos das empresas de aviação dos EUA: o uso de medicamentos para perda de peso, como o Ozempic e o Wegovy.
Originalmente concebidos para tratar a diabetes, o Ozempic e o Wegovy tornaram-se uma ferramenta popular nos últimos anos devido à sua capacidade de acelerar o emagrecimento. De acordo com uma análise recente da empresa de consultoria Jefferies, o uso desses medicamentos também poderia influenciar diretamente o peso médio dos passageiros. E menos peso nos aviões significa menos combustível e, portanto, menos despesas. Entenda mais a seguir.
Viajantes mais magros, mais economia de combustível
Segundo o estudo, se cada passageiro da United Airlines, por exemplo, perdesse aproximadamente 4,5 kg, a companhia aérea pouparia cerca de 80 milhões de dólares por ano em combustível. A relação parece inusitada, mas faz sentido quando se considera a dinâmica da aviação. O peso total de um avião – passageiros, bagagem, tripulação e carga – é um dos fatores-chave que determina o quanto de combustível é necessário em cada voo.
Considerando o contexto dos EUA, o peso médio dos americanos vem obrigando as companhias aéreas a sempre fazer ajustes nos seus cálculos de combustível. Inclusive, algumas empresas como a Korean Air chegaram a realizar estudos de peso entre os seus passageiros para obter dados mais precisos e cumprir as regulamentações locais sobre segurança aérea.
Dessa forma, a popularidade dos medicamentos do tipo GLP-1, como Ozempic e Wegovy, abre portas para uma possível redução destes números. Em um setor onde cada litro conta, qualquer oportunidade para aliviar a carga é bem-vinda. A United Airlines, por exemplo, estima que a redução de 4.5 kg por passageiro significaria uma redução de peso de aproximadamente 800 kg por voo, resultando em uma economia de 27,6 milhões de galões de combustível anualmente.
Peso dos passageiros ainda é um uma variável fora do controle direto das companhias aéreas
Embora a relação entre perda de peso e economia de combustível possa parecer curiosa, não é um tema novo para a indústria aérea. Na verdade, diversas estratégias foram implementadas no passado para reduzir o peso das aeronaves, como a substituição de equipamentos mais pesados por versões mais leves, a redução da quantidade de água potável a bordo e, em alguns casos, a eliminação de itens não essenciais como revistas ou catálogos de produtos.
Por esse motivo, a possibilidade dos passageiros pesarem menos torna-se uma perspectiva interessante para o universo da aviação. No entanto, nem todos compartilham do otimismo. Há dúvidas sobre até que ponto a adoção de medicamentos como Ozempic será difundido para ter um impacto significativo nos custos das companhias aéreas. Além disso, o seu uso ainda está limitado a determinados setores da população, principalmente devido ao seu elevado custo e às dificuldades de acesso .
A febre do Ozempic: efeitos a longo prazo do remédio ainda são uma incógnita
Em um artigo do The Wall Street Journal, só em 2022, o Ozempic – assim como o Wegovy e outros medicamentos semelhantes – foram prescritos a nove milhões de americanos. Este fenômeno não afeta apenas a aviação. As mudanças nos hábitos de consumo e estilo de vida provocadas por estes medicamentos também começaram a ter impacto em indústrias como a alimentar e de bebidas alcoólicas, que têm registado uma diminuição da procura por produtos ricos em açúcar e álcool.
No entanto, nem todos partilham do otimismo em relação ao uso exclusivo do Ozempic e outros medicamentos para emagrecer. Um dos principais fatores é a escassez de estudos sobre os efeitos colaterais desses remédios em pacientes que não têm diabetes e não são obesos. Além disso, muitas pessoas adotam esses medicamentos sem fazer uma reeducação alimentar ou praticar atividades físicas, o que pode levar ao famoso efeito sanfona.
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