Pinga, aguardente, "cana" ou puramente cachaça. Não importa como você chama a bebida. O fato é que ela é muito apreciada e tem até uma festa dedicada a ela na cidade fluminense de Paraty, local muito conhecido por causa das praias belíssimas, ruas de paralelepípedo e do festival literário.
Mas o Festival da Cachaça, Cultura e Sabores, em sua 41º edição, antes batizado como Festival da Pinga, é também uma tradição da cidade. Ainda que a celebração dê a entender que é hora de beber como se não houvesse amanhã, o evento tem um papel muito maior: celebrar a nobreza e a tradição da cachaça paratiense.
A cachaça em Paraty
Os principais estudos sobre o início da produção de cachaça em Paraty apontam que a relação da bebida com a cidade é muito antiga, dos anos 1600. Por isso, o local se tornou a mais importante região produtora de pinga no Brasil Colônia. A qualidade era tanta que todos queriam beber a cachaça de Paraty. Até por isso ela era mais cara que as demais.
No auge da produção de cachaça, Paraty chegou a ter mais de 100 alambiques de aguardente em funcionamento. Atualmente, são 6 que mantêm a produção de forma artesanal e até permitem a visitação do público.
É por essas e outras que a cachaça artesanal de Paraty se tornou um dos pilares de grande importância para o local, que atualmente integra a Rede de Cidades Criativas pela Gastronomia da Unesco.
História do Festival da Cachaça de Paraty
O evento anual teve sua primeira edição em 1983, sob o nome oficial de Festival da Pinga e Produtos Típicos de Paraty. A ideia surgiu durante uma reunião dos alambiqueiros associados na Acip (Associação Comercial e Industrial de Paraty).
Naquele encontro, destacaram-se como idealizadores os produtores Eduardo José Mello, o Eduardinho; Anibal Luiz Gama e Douglas Reid. O trio era responsável por produzir as cachaças Coqueiro, Corisco e Maré Alta, e queria fazer do evento uma forma de impulsionar o setor e fortalecer o comércio local.
O resultado no ano de estreia foi uma festa de impacto para os moradores de Paraty nos dias 27 e 28 de agosto. Aproveitando a ocasião, os produtores locais não perderam a chance de desenvolver ainda mais a cultura da cachaça e chegaram a fazer um manifesto, solicitando isenção de impostos. Era o início de uma tradição que já dura 40 anos e hoje também atrai turistas para a cidade, mesmo em um período de baixa estação.
Gastronomia de Paraty: tradição além da cachaça
Os "bebes" eram os grandes protagonistas da festa, mas os comes de Paraty também tinham desde então o seu lugar. Havia caldinho de feijão com pimenta, manuê de bacia (bolo à base de melado de cana), camarão casadinho (dupla de camarões recheados com farofa e conectados com palitos) e produtos da roça. Hoje, todos os pratos seguem como tradição.
Símbolos do Festival da Pinga
Já no primeiro ano, as tradicionais canecas de cerâmica marcaram presença nas mãos dos apreciadores da bebida. Outro item que também roubou a cena no festival de estreia foi o lançamento do livro "Bem Aventurados os Bêbados", de autoria do poeta e jornalista Dailor Varela.
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