• Entrar
  • Cadastrar
Champagne do Brasil: conheça a região do país com espumantes de qualidade que competem até com a França

O sul do Brasil tem alguns dos melhores espumantes do mundo e região lembra a cidade francesa de Champagne

Champagne do Brasil: conheça a região do país com espumantes de qualidade que competem até com a França

O Brasil tem uma região que produz espumantes tão bons quanto os da cidade francesa Champagne (Créditos: Shutterstock)

Champagne, que abrasileiramos como “champanhe”, é o nome do espumante produzido especificamente na região de Champagne, na França. A cidade francesa ganhou tanta fama com a bebida que muita gente tenta se aproveitar, mas somente os espumantes produzidos em Champagne podem ser chamados assim. Só que mesmo sem esse nome, o Brasil ainda tem sua própria “Champagne brasileira”, uma região com espumantes de qualidade reconhecida mundialmente. Lá existe até uma única vinícola que pode usar o nome “champanhe” nos seus espumantes. Descubra no TudoGostoso onde fica a maior produção de espumantes premiados do Brasil.

Onde fica a maior produção de espumante do Brasil?

A região que pode ser considerada como a nossa “Champagne do Brasil” é a Serra Gaúcha. A região que fica a mais de 1000 metros de altitude no nordeste do estado do Rio Grande do Sul reúne cidades a Gramado famosa pelos chocolates e pelo Natal Luz, Farroupilha que leva o nome da revolução da Guerra dos Farrapos, e a capital brasileira do vinho Bento Gonçalves.

A Serra Gaúcha pode ser praticamente dividida entre as suas colônias de imigrantes europeus, especialmente da Alemanha e da Itália. Se a região alemã é conhecida pela maior Oktoberfest depois de Munique, a região italiana é famosa pelas vinícolas premiadas que formam o Vale dos Vinhedos. E lá fica a cidade de Garibaldi, chamada de capital brasileira do espumante.

É por causa de Garibaldi e da Serra Gaúcha que o Brasil teve um salto na produção e consumo do espumante nos últimos 20 anos. Em 2002, o consumo de espumante brasileiro por aqui era de 4 milhões de litros por ano, que passou para 16 milhões em 2014 e em 2021 superou os 30 milhões de litros comercializados por ano. A exportação do espumante brasileiro também cresceu, e quase 1 milhão de litros da bebida são vendidos para fora.

A Serra Gaúcha é repleta de vinhedos que produzem os melhores espumantes do Brasil (Créditos: Shutterstock)

A Serra Gaúcha é repleta de vinhedos que produzem os melhores espumantes do Brasil (Créditos: Shutterstock)

Por que o espumante da Serra Gaúcha é tão bom?

A produção de espumantes na Serra Gaúcha começou a 110 anos atrás na cidade de Garibaldi. Na época eles ainda eram todos chamados de champanhe, já que não existiam as regras de denominação de local que deram exclusividade quase total para a cidade francesa. O primeiro espumante brasileiro foi produzido por Manoel Peterlongo, um imigrante italiano. Ele seguiu a fórmula francesa à risca, usando o método conhecido como Champenoise.

A produção de espumantes brasileiros na Serra Gaúcha começou como um negócio de família, mas após algumas décadas fabricantes europeias se interessaram pelas condições da região para entrar no mercado brasileiro. O clima e a terra das montanhas do sul do Brasil criaram condições perfeitas para o cultivo de uvas com açúcar e acidez na medida certa, principalmente das variedades Pinot Noir e Chardonnay, para a produção de espumantes de qualidade.

Hoje em dia, as vinícolas brasileiras são responsáveis por 75% dos espumantes consumidos no Brasil por causa do bom custo-benefício por aqui. Desde 2010 existe o Concurso do Espumante Brasileiro, competição organizada pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), inicialmente celebrada em Bento Gonçalves, mas hoje sediada por Garibaldi. Na edição de 2023, os seis destaques da categoria Sabre de Ouro foram produzidos na Serra Gaúcha.

E o reconhecimento não é apenas local. Os espumantes brasileiros vem ganhando prêmios importantes pelo mundo. Em 2021, foram mais de 300 medalhas em premiações globais. Na 20ª Effervescents du Monde, competição mundial de melhores espumantes do mundo, três rótulos brasileiros entraram na seleção do top 18, todos da Serra Gaúcha das vinícolas Ponto Nero da Famiglia Valduga, Salton e Aurora.

O terreno rico e as técnicas tradicionais criaram os espumantes únicos da Serra Gaúcha (Créditos: Shutterstock)

O terreno rico e as técnicas tradicionais criaram os espumantes únicos da Serra Gaúcha (Créditos: Shutterstock)

Única vinícola brasileira que pode usar o nome “champanhe”

É bem comum falarmos que vamos brindar na festa de Ano-Novo com champanhe, mesmo que a bebida seja um espumante comum, por causa da limitação do nome. Mas tem uma vinícola brasileira que é a única no Brasil que pode chamar suas bebidas de champanhe. E ela é justamente a vinícola Peterlongo, de Garibaldi, a mesma responsável pelo começo do espumante no Brasil e que continuou o negócio de família.

Não só a vinícola Peterlongo usa as mesmas uvas dos champanhes franceses, como o castelo construído pela família por volta de 1930 segue a arquitetura de Champagne. Tudo isso para seguir o padrão francês das caves subterrâneas, os tradicionais porões usados para fermentar e preservar os espumantes. A adega usa paredes com pedras basálticas e tem um túnel para captar o vento externo que mantém a temperatura interna ideal sem precisar de climatizadores.

Os espumantes Peterlongo passaram a ser usados em celebrações oficiais no Brasil já no governo de Getúlio Vargas e na visita da rainha da Inglaterra Elizabeth II ao país. A autorização para usar o termo champanhe veio só nos últimos 50 anos. Depois da criação da Denominação de Origem de que apenas espumantes produzidos em Champagne poderiam ser chamados assim, vinícolas em todo o mundo precisaram parar de usar esse nome.

Mas como a vinícola Peterlongo foi a primeira no Brasil a produzir espumante, já usava o nome champanhe nos seus produtos antes da Denominação de Origem, e seguia à risca os métodos tradicionais franceses, ela ganhou uma briga judicial em 1974 que deu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para que continuasse usando o termo “champanhe”. Hoje em dia a própria Peterlongo apenas usa o termo champanhe para a linha Elegance, que segue o processo clássico, enquanto os outros rótulos mais simples são chamados de espumantes.


Veja mais:
Deixe o champagne mais especial com esta receita de drink de Ano-Novo
Essa cidade com 6 mil habitantes na Serra da Mantiqueira tem vencedor de “Oscar dos Vinhos” e esportes radicais
Vinho e viagem: descubra destinos do Brasil para degustar a bebida e viajar nas histórias das vinícolas

Temas relacionados