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Ninguém entende por que o brasileiro não joga papel higiênico no vaso, mas foi revelada a verdade e vai além do que você pensa
Fausto Fagioli FonsecaPor  Fausto Fagioli Fonseca  | Redator

Fausto é jornalista há mais de 15 anos, tendo trabalhado em diversos veículos com foco em saúde, alimentação, bem-estar e atividade física. Admite que não é um grande cozinheiro como as suas avós, mas tem suas receitinhas secretas!

O hábito brasileiro de não jogar papel higiênico no vaso sanitário pode parecer ultrapassado, mas essa prática tem base técnica e prática

Ninguém entende por que o brasileiro não joga papel higiênico no vaso, mas foi revelada a verdade e vai além do que você pensa

Não é só cultural, é também técnico, histórico e muito mais complexo do que parece. Entenda! (Crédito: Shutterstock)

 

Se você já viajou para fora do Brasil, especialmente para países como Estados Unidos, Canadá ou diversas nações europeias, deve ter percebido uma diferença: não há lixeira ao lado do vaso sanitário.

Isso porque, nesses lugares, é comum — e até esperado — que o papel higiênico seja descartado diretamente no vaso e levado com a descarga.

Por aqui, no entanto, a regra não escrita (mas amplamente seguida) é outra: usar a lixeira ao lado do vaso sanitário para descartar o papel higiênico usado.

Mas, afinal, por que o Brasil adota esse hábito tão diferente do resto do mundo?

A verdade começa com o papel higiênico

Um dos principais motivos para essa prática no Brasil está na própria composição do papel higiênico nacional.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou uma diferença significativa entre os papéis fabricados no Brasil e os produzidos em países estrangeiros.

Segundo a pesquisa, papéis higiênicos importados apresentaram cerca de 60% de desintegração no teste, enquanto os papéis brasileiros quase não se desintegraram, principalmente os de folha dupla ou tripla.

Isso acontece porque os fabricantes brasileiros priorizam a resistência à umidade, o que melhora a experiência de uso, mas prejudica a dissolução no sistema de esgoto.

Ou seja: um papel mais “reforçado” para o usuário, mas um pesadelo para os encanamentos.

Infraestrutura antiga e insuficiente

Se o papel é parte do problema, a infraestrutura do esgoto brasileiro é outra peça fundamental nesse quebra-cabeça.

Muitas cidades do Brasil — especialmente nas regiões mais antigas ou em áreas com urbanização precária — não possuem sistemas de esgoto preparados para receber papel higiênico.

Os encanamentos muitas vezes são antigos, com tubulações estreitas, curvas mal planejadas e materiais ultrapassados.

Como resultado, jogar papel no vaso pode levar a problemas como:

  • Entupimentos constantes
  • Transbordamento de esgoto
  • Manutenção cara e frequente

Por isso, a população brasileira adotou, ao longo dos anos, a cultura de usar a lixeira ao lado do vaso como uma forma prática de evitar problemas — tanto nas casas quanto em banheiros públicos e comerciais.

Mas o cenário está mudando?

Em algumas regiões do Brasil, especialmente em cidades com infraestrutura mais moderna e avançada, já é possível encontrar banheiros que permitem (e até recomendam) o descarte do papel higiênico no vaso.

Nessas áreas, os sistemas de esgoto são mais robustos, e já há também uma maior oferta de papéis que se desintegram com mais facilidade.

Entretanto, ainda estamos longe de tornar essa prática universal no país.

Um hábito ainda recomendado

O hábito brasileiro de não jogar papel higiênico no vaso sanitário pode parecer ultrapassado ou até estranho para quem vive em países com sistemas sanitários mais modernos, mas a verdade é que essa prática tem base técnica e prática.

Enquanto não houver uma modernização em larga escala dos sistemas de esgoto e uma mudança nos padrões de fabricação dos papéis higiênicos, o cesto ao lado do vaso continuará sendo o aliado silencioso da higiene e da prevenção de dores de cabeça nas tubulações brasileiras.

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