
Consumo dessas bebidas cresceu de forma expressiva em 2024, aponta pesquisa da USP (Foto: Shutterstock)
O desejo de obter mais energia para dar conta da rotina acelerada da vida tem levado muitas pessoas a buscarem alternativas pouco vantajosas e arriscadas.
A promessa por um impulso instantâneo de energia para reduzir o cansaço leva muita gente a usar energéticos como seus aliados nesse processo, sendo que essas bebidas não são para todos.
O problema é que elas são carregadas de cafeína e mais estimulantes, e é por isso que especialistas alertam para os impactos que o consumo excessivo dessas bebidas pode causar no corpo.
Se você consome bebidas energéticas regularmente e ultrapassa os limites considerados seguros, é importante rever seus hábitos. Entenda os motivos!
O que acontece quando você extrapola a ingestão de cafeína?
O consumo exagerado de energéticos representa sérios riscos à saúde, principalmente devido à alta concentração de cafeína.
Um dos aspectos mais levantados pelos profissionais de saúde é o impacto no sistema cardiovascular, já que o excesso do consumo pode causar:
- Aumento da frequência cardíaca;
- Aumento da pressão arterial;
- Arritmias cardíacas;
- Maior risco de complicações para pessoas com predisposição a problemas cardíacos e neurológicos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de cafeína em até 400mg por dia, cerca de quatro latas da bebida energética.
No entanto, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas não Alcoólicas (ABIR), o consumo por habitante no Brasil ao ano aumentou de 400 ml para 870 ml entre 2011 e 2021.
"No âmbito neurológico, o excesso pode causar insônia, ansiedade, tremores, dores de cabeça e, em casos extremos, convulsões e alucinações", explica Edson Issamu Yokoo, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
"Além disso, problemas gastrointestinais como náuseas e desconforto abdominal, e desidratação devido ao efeito diurético da cafeína, são preocupações relevantes", acrescenta.
Por que o energético afeta o sistema nervoso?
Um estudo realizado pela Scanntech e publicado no Jornal da USP mostrou que o volume de vendas de energéticos cresceu 15% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esses dados justificam a preocupação dos profissionais de saúde. E pouca gente sabe que até o sistema nervoso é impactado, principalmente quando o energético é misturado com bebidas alcoólicas.
O motivo está relacionado aos ingredientes estimulantes presentes na fórmula dessas bebidas, além da cafeína. Quando consumidos em grandes quantidades, eles agem diretamente no sistema nervoso central, aumentando a liberação de neurotransmissores como adrenalina e dopamina.
"Esse efeito estimula uma resposta de alerta no corpo, o que pode ser benéfico em doses moderadas. Com o uso exagerado, o organismo entra em um estado de hiperatividade que interfere no equilíbrio natural do sistema nervoso, resultando nos sintomas mencionados", afirma o neurologista.
Essa superestimulação pode sobrecarregar o cérebro e o sistema cardiovascular, desencadeando reações extremas nos casos mais graves, destaca ele.
As substâncias perigosas que se escondem na composição dos energéticos
O especialista destaca que muitos energéticos contêm outros estimulantes, como taurina e guaraná, que podem potencializar os efeitos da cafeína e prolongar seus impactos no organismo.
A combinação dessas substâncias pode levar a um estado de excitação contínua, dificultando o relaxamento.
"As pessoas precisam estar conscientes dos riscos associados ao consumo indiscriminado de energéticos. Embora possam oferecer um alívio momentâneo para o cansaço, seus efeitos a longo prazo no sistema nervoso podem ser prejudiciais", ressalta.
O Dr. Yokoo orienta os consumidores a buscarem fontes de energia mais saudáveis: "Como uma alimentação equilibrada, sono adequado e a prática regular de atividades físicas."
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